- 17 Set 2012, 17:58
#711465
Saudações povo do Puabase.
Primeiro, antes de tudo, antecipadamente, gostaria de agradecer a todos os comentários na primeira parte do artigo, eles foram de muita valia e estimulo para esta segunda parte. Gostaria também de esclarecer algumas pequenas coisinhas acerca do behaviorismo. O behaviorismo que vemos neste artigo é o behaviorismo radical de Skinner e não o behaviorismo de Watson. A principio, o nome “radical” pode parecer forte, dando uma ideia errada para aqueles não familiarizados.
O behaviorismo radical é chamado assim pois rompeu RADICALMENTE com o behaviorismo do Watson, e não porque “radicaliza” de alguma forma ou considera que TUDO é comportamento. Na verdade, quem considera isto é o behaviorismo de Watson e uma das grandes críticas de Skinner para com ele é a negação das características genéticas (levadas em conta no behaviorismo radical) e pela tendência a generalizar, sem base em dados reais.
Punição
Psicologicamente falando, a punição pode ser considerada um obstáculo ao crescimento. Punir não é bom, e não digo isto apenas em caráter de sedução, mas em todas as facetas da vida. Este é um dos motivos pelo qual muitos sistemas carcerários não funcionam. A vida na prisão não ensina os detentos meios socialmente mais aceitáveis de receber recompensas que desejam, apenas os pune por terem cometido comportamentos criminais. Se um prisioneiro não aprendeu nada de novo, é lógico pensar que uma vez liberto e exposto ao mesmo ambiente (e ainda dominado pelas mesmas tentações) irá repetir os mesmos comportamentos criminosos.
A punição informa sobre o que não fazer, ao invés de informar sobre o que fazer. Não capacita uma pessoa a aprender qual é o melhor comportamento para uma dada situação. É o maior impedimento para uma real aprendizagem. Comportamentos punidos não desaparecem. Quase sempre voltam, disfarçados ou ligados a novos comportamentos. Estes podem ser modos de evitar punições adicionais ou podem ser formas de represália contra a punição original. Pode-se pensar que muitas vezes a punição pode servir como proteção, como uma mãe que bate em seu filho para evitar que ele vá em determinado lugar que ela sabe ser perigoso. Mas, a proteção através do medo é ineficaz, produz revolta e curiosidade. Funciona muitas vezes, óbvio, e é a tática de certas instituições sociais, mas apenas quando uma transgressão não é fatal. Se a curiosidade, quando saciada, providenciasse a própria punição, e o curioso arrependido pudesse notar seu erro. A dita mãe pode amedrontar seu filho em ameaça-lo com uma punição para que ele não toque na chaleira quente. Quando a criança inevitavelmente rebelar-se e tocar, terá um curativo e um lembrete. O problema está quando se tenta amedrontar a criança a não beber veneno. Quando a desobediência é fatal, a atração do proibido só precisa se mostrar uma vez para que o erro não tenha volta.
A punição reforça exclusivamente a pessoa que está punindo.
Então você pergunta, “mas como assim?” Bem, pense que o senhor de escravo use o chicote par obrigar o escravo a prosseguir no trabalho. Trabalhando o escravo escapa do chicote (e consequentemente reforça o comportamento do seu senhor em usar o chicote). Outro exemplo: o pai reclama do filho até que cumpra uma tarefa; ao cumpri-la, o filho escapa às reclamações (reforçando o comportamento do pai). O chantagista ameaça revelar um determinado fato se a vítima não lhe pagar; ao pagar, a vítima afasta a ameaça (e reforça a prática). Aí você pergunta: “ e na sedução? Como funciona na sedução?” Então eu respondo: funciona do mesmo modo, mas não vou dar exemplos claros, já dei alguns exemplos de como acontece em outras situações, melhor do que instruir é propiciar a pessoa que forme seu próprio conhecimento. Pare para pensar e vai ver que de uma forma ou de outra o controle adverso intencional é o padrão de quase todo o ajustamento social, seja na ética, na religião, no governo, na economia, na educação e na vida familiar. Então pare e pense em como se dá também na sedução...
Reforço Intermitente
Como o próprio nome já diz o reforçamento intermitente é feito intermitentemente, ou seja, não se reforça toda a resposta produzida pelo sujeito. É um tipo de reforçamento extremamente eficaz para fazer com que uma pessoa se “prenda” a outra, pois o comportamento associado ao reforço intermitente é muito difícil de ser extinto. Então, aquela HB chiclete que gruda no seu pé e não quer mais sair, e você de vez em quando lhe dá uma atenção (nem que seja para mandar largar do pé) está sendo reforçada intermitentemente. É por causa do reforço intermitente que muitas vezes também vemos casos de mulheres que apanham do marido e seguem amando-os. Por que isso acontece? Bem, é pelo simples faro de que junto com as agressões estão emparelhados reforçamentos positivos (lembrando novamente, positivo pois aumenta a frequência de uma ação).
Todos gostamos de ser reforços positivamente. Isso é fato. Faça um pequeno exercício de imaginação: Imagine um rato de laboratório que esteja a mais o menos um dia inteiro sem beber água, ele vai estar com muita sede. Então imaginem agora colocá-lo dentro de uma caixa onde ele deverá pressionar uma barra que irá liberar uma gota de água (resposta > reforço positivo). A probabilidade de que o rato volte a pressionar a barra para liberar a água após fazer isso uma primeira vez é muito grande. Agora imagine que o rato após ter aprendido a apertar a barra que irá liberar a água tenha a água liberada apenas a cada três apertadas na barra (vamos chamar de RF3- razão fixa 3). Sem sombra de dúvidas a frequência de apertões na barra irá aumentar drasticamente. Este é o reforço intermitente (é o reforço intermitente por intervalo fixo, existe também o de intervalo variável, mas falarei disto em outra oportunidade).
Ótimo.
Agora deixe de imaginar e veja acontecendo com um RF 10- razão fixa 10
Então você pergunta: “Está dizendo para eu fazer tudo o que as HBS querem? É para eu ficar babando por elas como um cachorrinho? Você deve estar louco!” Não, não é isso. Eu explico. Como já foi escrito anteriormente, todos gostamos de ser reforçados positivamente, e ao apenas fazer algo gratuitamente pela HB, lhe dar uma flor, atenção ou o que quer que seja você vai apenas estar emitindo um comportamento sem razão alguma, não vai estar lhe reforçando. Agora se você se colocar como o “prêmio” vai estar reforçando a HB ao passo que será considerado a recompensa. Pense que a HB é o ratinho do nosso exercício imaginário enquanto você é a água. Ela emite determinado comportamento e então, você a reforça positivamente, de preferência de modo intermitente. Ou seja você não vai reforçá-la para CADA comportamento emitido, mas sim em um intervalo de emissões de comportamento. Assim você não só vai agir como o “prêmio”, como o pessoal daqui gosta de falar, mas também estará aumentando bastante a probabilidade de que o comportamento que a HB emitiu volte a acontecer. Você pode reforçar a HB de diversas maneiras, bebida, presentes, etc... Mas, recompensas materiais não são uma boa pedida. Sem dúvida a melhor maneira de se reforçar positivamente a grande maioria dos seres humano é com atenção, é mais útil, prático e eficaz.
Em breve a terceira parte do artigo.
Primeiro, antes de tudo, antecipadamente, gostaria de agradecer a todos os comentários na primeira parte do artigo, eles foram de muita valia e estimulo para esta segunda parte. Gostaria também de esclarecer algumas pequenas coisinhas acerca do behaviorismo. O behaviorismo que vemos neste artigo é o behaviorismo radical de Skinner e não o behaviorismo de Watson. A principio, o nome “radical” pode parecer forte, dando uma ideia errada para aqueles não familiarizados.
O behaviorismo radical é chamado assim pois rompeu RADICALMENTE com o behaviorismo do Watson, e não porque “radicaliza” de alguma forma ou considera que TUDO é comportamento. Na verdade, quem considera isto é o behaviorismo de Watson e uma das grandes críticas de Skinner para com ele é a negação das características genéticas (levadas em conta no behaviorismo radical) e pela tendência a generalizar, sem base em dados reais.
Punição
Psicologicamente falando, a punição pode ser considerada um obstáculo ao crescimento. Punir não é bom, e não digo isto apenas em caráter de sedução, mas em todas as facetas da vida. Este é um dos motivos pelo qual muitos sistemas carcerários não funcionam. A vida na prisão não ensina os detentos meios socialmente mais aceitáveis de receber recompensas que desejam, apenas os pune por terem cometido comportamentos criminais. Se um prisioneiro não aprendeu nada de novo, é lógico pensar que uma vez liberto e exposto ao mesmo ambiente (e ainda dominado pelas mesmas tentações) irá repetir os mesmos comportamentos criminosos.
A punição informa sobre o que não fazer, ao invés de informar sobre o que fazer. Não capacita uma pessoa a aprender qual é o melhor comportamento para uma dada situação. É o maior impedimento para uma real aprendizagem. Comportamentos punidos não desaparecem. Quase sempre voltam, disfarçados ou ligados a novos comportamentos. Estes podem ser modos de evitar punições adicionais ou podem ser formas de represália contra a punição original. Pode-se pensar que muitas vezes a punição pode servir como proteção, como uma mãe que bate em seu filho para evitar que ele vá em determinado lugar que ela sabe ser perigoso. Mas, a proteção através do medo é ineficaz, produz revolta e curiosidade. Funciona muitas vezes, óbvio, e é a tática de certas instituições sociais, mas apenas quando uma transgressão não é fatal. Se a curiosidade, quando saciada, providenciasse a própria punição, e o curioso arrependido pudesse notar seu erro. A dita mãe pode amedrontar seu filho em ameaça-lo com uma punição para que ele não toque na chaleira quente. Quando a criança inevitavelmente rebelar-se e tocar, terá um curativo e um lembrete. O problema está quando se tenta amedrontar a criança a não beber veneno. Quando a desobediência é fatal, a atração do proibido só precisa se mostrar uma vez para que o erro não tenha volta.
A punição reforça exclusivamente a pessoa que está punindo.
Então você pergunta, “mas como assim?” Bem, pense que o senhor de escravo use o chicote par obrigar o escravo a prosseguir no trabalho. Trabalhando o escravo escapa do chicote (e consequentemente reforça o comportamento do seu senhor em usar o chicote). Outro exemplo: o pai reclama do filho até que cumpra uma tarefa; ao cumpri-la, o filho escapa às reclamações (reforçando o comportamento do pai). O chantagista ameaça revelar um determinado fato se a vítima não lhe pagar; ao pagar, a vítima afasta a ameaça (e reforça a prática). Aí você pergunta: “ e na sedução? Como funciona na sedução?” Então eu respondo: funciona do mesmo modo, mas não vou dar exemplos claros, já dei alguns exemplos de como acontece em outras situações, melhor do que instruir é propiciar a pessoa que forme seu próprio conhecimento. Pare para pensar e vai ver que de uma forma ou de outra o controle adverso intencional é o padrão de quase todo o ajustamento social, seja na ética, na religião, no governo, na economia, na educação e na vida familiar. Então pare e pense em como se dá também na sedução...
Reforço Intermitente
Como o próprio nome já diz o reforçamento intermitente é feito intermitentemente, ou seja, não se reforça toda a resposta produzida pelo sujeito. É um tipo de reforçamento extremamente eficaz para fazer com que uma pessoa se “prenda” a outra, pois o comportamento associado ao reforço intermitente é muito difícil de ser extinto. Então, aquela HB chiclete que gruda no seu pé e não quer mais sair, e você de vez em quando lhe dá uma atenção (nem que seja para mandar largar do pé) está sendo reforçada intermitentemente. É por causa do reforço intermitente que muitas vezes também vemos casos de mulheres que apanham do marido e seguem amando-os. Por que isso acontece? Bem, é pelo simples faro de que junto com as agressões estão emparelhados reforçamentos positivos (lembrando novamente, positivo pois aumenta a frequência de uma ação).
Todos gostamos de ser reforços positivamente. Isso é fato. Faça um pequeno exercício de imaginação: Imagine um rato de laboratório que esteja a mais o menos um dia inteiro sem beber água, ele vai estar com muita sede. Então imaginem agora colocá-lo dentro de uma caixa onde ele deverá pressionar uma barra que irá liberar uma gota de água (resposta > reforço positivo). A probabilidade de que o rato volte a pressionar a barra para liberar a água após fazer isso uma primeira vez é muito grande. Agora imagine que o rato após ter aprendido a apertar a barra que irá liberar a água tenha a água liberada apenas a cada três apertadas na barra (vamos chamar de RF3- razão fixa 3). Sem sombra de dúvidas a frequência de apertões na barra irá aumentar drasticamente. Este é o reforço intermitente (é o reforço intermitente por intervalo fixo, existe também o de intervalo variável, mas falarei disto em outra oportunidade).
Ótimo.
Agora deixe de imaginar e veja acontecendo com um RF 10- razão fixa 10
Então você pergunta: “Está dizendo para eu fazer tudo o que as HBS querem? É para eu ficar babando por elas como um cachorrinho? Você deve estar louco!” Não, não é isso. Eu explico. Como já foi escrito anteriormente, todos gostamos de ser reforçados positivamente, e ao apenas fazer algo gratuitamente pela HB, lhe dar uma flor, atenção ou o que quer que seja você vai apenas estar emitindo um comportamento sem razão alguma, não vai estar lhe reforçando. Agora se você se colocar como o “prêmio” vai estar reforçando a HB ao passo que será considerado a recompensa. Pense que a HB é o ratinho do nosso exercício imaginário enquanto você é a água. Ela emite determinado comportamento e então, você a reforça positivamente, de preferência de modo intermitente. Ou seja você não vai reforçá-la para CADA comportamento emitido, mas sim em um intervalo de emissões de comportamento. Assim você não só vai agir como o “prêmio”, como o pessoal daqui gosta de falar, mas também estará aumentando bastante a probabilidade de que o comportamento que a HB emitiu volte a acontecer. Você pode reforçar a HB de diversas maneiras, bebida, presentes, etc... Mas, recompensas materiais não são uma boa pedida. Sem dúvida a melhor maneira de se reforçar positivamente a grande maioria dos seres humano é com atenção, é mais útil, prático e eficaz.
Em breve a terceira parte do artigo.