- 03 Fev 2011, 05:59
#189789
[centro]COLEGA TOURO
Eu e Maria vivia do lado de uma montanha numa cidadizinha piquena. Pertinho de nóis, a menus de uma légua, tinha uma famía que morava numa fazenda. Eu trabaiava na roça a semana inteirinha, só pra pudê sustentá minha Maria, mais como ela gostava muito de passiá, ia dá umas vorta na fazenda quase todo dia.
Os cinco dia eu trabaiava, mais os fim de semana eu tirava pra discançá. Eu pegava a Maria e nóis ia na fazenda passiá. Eu conhecia bem o dono, que era o seo Vardemá, Ele tinha prantação, um pesquero e vários animá.
Tinha como ajudante o João, um bom rapais, que trabaiava lá muitos anu como o seu capatais. Ele levô nóis um dia pra vê os animá, que era muito bonzinho, mansinho até demais. Quando vi as vaca e os boi, um tôro me chamou a atenção, era o mais chifrudo de todos e veio em minha direção. Ele oiô bem nos meu zóio, mais com muita intimidade, me senti como se fosse da mema raça e qualidade.
Ele tentava me falá arguma coisa, mais eu não compreendia, seu oiá era pra mim e tamém pra Maria. Eu vortei pra minha lida, mais tava muito preocupado. Por que foi que aquele tôro me oiô tão desconfiado?
Certo dia chuveu muito, então larguei o serviço do dia. Bem mais cedo cheguei em casa, mais num encontrei Maria. Sabeno que ela passiava, peguei guarda chuva e fechei as porta, e fui atrais dela na fazenda pra trazê ela de vorta.
Quando me aproximei e atravessei aquela véia portera, ouvi uns baruio meio estranho, um tipo assim de gemedera. Veno que aquele som vinha do caramanchão, abrino a porta oiei e vi a Maria atracada com o João.
– Mais Maria, como que cê pôde me trair com esse sujeito?
– Trabaiei tanto, comprei até ouro pra satisfazê seus desejo!
Agora sei por que o tôro me oiô desconfiado, foi porque ele viu um corno e queria dá o recado. Agora vivo sozinho, mais as veiz vô na fazenda, visito o seo Vardemá e o tôro até me cumprimenta.
Quando me vê balança a cabeça e óia pra uma égua, parece inté que me apresenta, dizeno:
- Esse aí é o meu colega.
Escrito por
Eduardo de Paula Barreto[/centro]
Eu e Maria vivia do lado de uma montanha numa cidadizinha piquena. Pertinho de nóis, a menus de uma légua, tinha uma famía que morava numa fazenda. Eu trabaiava na roça a semana inteirinha, só pra pudê sustentá minha Maria, mais como ela gostava muito de passiá, ia dá umas vorta na fazenda quase todo dia.
Os cinco dia eu trabaiava, mais os fim de semana eu tirava pra discançá. Eu pegava a Maria e nóis ia na fazenda passiá. Eu conhecia bem o dono, que era o seo Vardemá, Ele tinha prantação, um pesquero e vários animá.
Tinha como ajudante o João, um bom rapais, que trabaiava lá muitos anu como o seu capatais. Ele levô nóis um dia pra vê os animá, que era muito bonzinho, mansinho até demais. Quando vi as vaca e os boi, um tôro me chamou a atenção, era o mais chifrudo de todos e veio em minha direção. Ele oiô bem nos meu zóio, mais com muita intimidade, me senti como se fosse da mema raça e qualidade.
Ele tentava me falá arguma coisa, mais eu não compreendia, seu oiá era pra mim e tamém pra Maria. Eu vortei pra minha lida, mais tava muito preocupado. Por que foi que aquele tôro me oiô tão desconfiado?
Certo dia chuveu muito, então larguei o serviço do dia. Bem mais cedo cheguei em casa, mais num encontrei Maria. Sabeno que ela passiava, peguei guarda chuva e fechei as porta, e fui atrais dela na fazenda pra trazê ela de vorta.
Quando me aproximei e atravessei aquela véia portera, ouvi uns baruio meio estranho, um tipo assim de gemedera. Veno que aquele som vinha do caramanchão, abrino a porta oiei e vi a Maria atracada com o João.
– Mais Maria, como que cê pôde me trair com esse sujeito?
– Trabaiei tanto, comprei até ouro pra satisfazê seus desejo!
Agora sei por que o tôro me oiô desconfiado, foi porque ele viu um corno e queria dá o recado. Agora vivo sozinho, mais as veiz vô na fazenda, visito o seo Vardemá e o tôro até me cumprimenta.
Quando me vê balança a cabeça e óia pra uma égua, parece inté que me apresenta, dizeno:
- Esse aí é o meu colega.
Escrito por
Eduardo de Paula Barreto[/centro]