- 25 Mar 2011, 13:46
#222894
Os dilemas do homem alfa
As solteiras reclamam que eles fogem de compromisso, não as levam a sério. As comprometidas não aguentam a falta de atenção e empenho na relação. Afinal, o que há de errado com eles? Temos a resposta!
Alguma coisa está fora da ordem nos relacionamentos amorosos. E você sabe disso. O descompasso entre homens e mulheres anda extrapolando aquelas diferenças básicas entre os sexos que talvez você tenha lido no best-seller de 1997 Homens São de Marte, Mulheres São de Vênus. Se antes era mais simples (o que não quer dizer mais fácil!) entender e ajustar descompassos com base em teses como “As mulheres são mais emocionais e os homens, mais racionais”, hoje a coisa complicou. Para começar, nem sempre nos portamos como o sexo frágil. Para alcançar sucesso profissional, aprendemos (com eles) a ser mais práticas, objetivas, focadas em resultado. E toda a confusão na mente masculina aparece justamente com nossa mudança de papel na sociedade. Sim, já se passaram cerca de 50 anos desde que queimamos sutiã em praça pública e eles ainda sofrem o baque da transformação. Estão em crise. E uma das pessoas interessadas em que saiam dessa é você. NOVA conversou com estudiosos do assunto e destaca os principais dilemas do homem da nova década. Abra os olhos e o coração — e seu futuro ao lado de um macho alfa está garantido!
Ele se sente fora de moda
Imagine que uma personal stylist colocou seu armário abaixo, disse que nada servia e foi embora sem indicar o que usar. Essa sensação é parecida com o que vive o homem alfa. A certeza que ele tem é de que o macho à antiga — provedor, líder, dono da última palavra — é fracasso de bilheteria. Até nos apossamos de tais características e tomamos a frente de tudo na relação. E ele não sabe mais como agir. “Não se sente no poder de decidir qual o rumo do relacionamento nem o que vai fazer no dia a dia”, diz o psiquiatra Luiz Cuschnir, supervisor no Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e criador e coordenador do Iden (Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher). “Isso culmina em baixíssima autoestima”, afirma a socióloga Celia Belém, dona da agência de pesquisa Arquitetura do Conhecimento. “Ele não aprendeu meios alternativos para continuar reconhecendo suas qualidades de macho”, diz o psicoterapeuta Sócrates Nolasco, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A força, a objetividade, a agressividade e o controle ainda são formas de mostrar-se poderoso. Mas tudo isso hoje é machismo — e ser machista é como usar calça boca de sino vermelha! Ajude-o a mudar:
Guarde o terninho no armário
Boa aluna, a mulher aprendeu logo que, para sobreviver à pressão de ter de equilibrar carreira e vida pessoal, precisa falar firme, batalhar e ser guerreira em tempo integral. Acaba tendo dificuldade em virar a chavinha para deixar seu lado feminino e acolhedor vir à tona. Quem nunca chegou em casa marchando sobre o salto e se esqueceu de perguntar ao marido se ele teve um dia bom? Ou se pegou julgando o namorado porque ele errou o presente? E cobrou de um paquera a decisão de assumir compromisso como se fechasse um negócio? Não faltam exemplos de situações que deixam os homens de olhos arregalados. “Eles veem as mulheres duras consigo mesmas e com eles, elevando o nível de tensão no convívio. Elas estão pouco disponíveis para ouvi-los, descartando-os e desvalorizando-os”, diz Cuschnir. O resultado é infelicidade dos dois lados. Diante de uma megera indomável, os solteiros fogem de compromisso por medo de não corresponder às altas expectativas; e os casados mergulham no trabalho para escapar da insatisfação. E com as mulheres fica a sensação de conviver com ratos ou inimigos. Para pedir paz nessa guerra, recolha as armas. Tente se policiar em relação às reclamações e às palavras de desprezo, de desvalorização — será mesmo que ele não faz nada direito? “É importante reconhecer as características masculinas positivas: a praticidade e a objetividade que ele tem para resolver problemas, a coragem que a inspira a enfrentar medos, a segurança que passa quando algo a ameaça ou a deixa relutante”, completa Celia.
dite o dress code da relação
O segredo das sortudas que têm ao lado um homem alfa bem resolvido? Elas não economizam palavras para descrever direitinho as atitudes que caem bem nele. Dizem com todas as letras o que precisam e do que sentem falta. Não acham que ele deve captar mensagens por telepatia. “A maioria das mulheres deseja que seu homem decifre uma gama enorme de necessidades a partir de uma reclamação pontual. Exemplo: esperam que ele entenda que por trás da pergunta ‘Você reparou no meu corte de cabelo?’ há outras demandas, como ‘Você não presta atenção em mim’ ou ‘Você não é romântico’. Mas eles não têm capacidade de assimilar queixas implícitas”, diz Celia. Nolasco completa: “Para o homem, esse é um processo complicado. Por ter uma trava natural para olhar para si e refletir sobre as próprias fragilidades, ele tem dificuldade em reconhecer no outro demandas emocionais, como carência”. Ou seja, fale! Gaste palavras e se poupe de frustrações. Celia conclui: “A revolução feminina se deu em pouco tempo e transformou profundamente a organização social, os papéis e o espaço de cada um. Os homens estão no meio desse turbilhão. Às vezes, com ótimas intenções: querem nos ajudar a ter menos carga sobre os ombros. Para incentivá-los a encontrar um meio-termo, é preciso estar do lado deles”.
Ele precisa do clube
Sim, você é peça-chave para fazer com que o homem alfa saia dessa crise. Mas não se sinta a única responsável. “Mais do que provar que é homem, ele precisa confirmar para si e para os outros que tem força — não só física, mas o poder nas relações”, diz Cuschnir. “Pode se realizar ao se envolver com projetos e relacionamentos que os empolguem. E o convívio social é importante.” Agradeça aos céus se ele tem novos desafios no trabalho ou futebol toda terça, faz parte de uma confraria do vinho, não abre mão de surfar no fim de semana e até liga para avisar que tem happy hour com os caras do MBA. “Ele precisa de tempo e espaço entre outros homens para expressar agressividade, conviver em bando. No seu clubinho, dedica-se a atividades como apreciar cerveja ou falar de mulher. Necessita desse momento como forma de expressão da sua virilidade”, diz Nolasco.
ELE SONHA COM UMA MULHER COMPLETA
No pacote de esforços para reafirmar a masculinidade, não está incluso o item “Torcer para que você volte aos tempos da rainha do lar”. Ainda bem! Segundo Cuschnir, o homem da nova década sabe que a mulher tem atribuições iguais a ele do ponto de vista profissional e precisa se destacar na carreira. Mais: quer participar do crescimento da parceira e vibra quando ela conquista seu lugar ao sol. Mas sente falta de maior dedicação feminina à relação. “O homem espera uma mulher com atitudes que correspondam a hábitos mais tradicionais na maneira de se cuidar e de se dedicar a ele. Ao mesmo tempo, quer que ela seja livre para viajar, transar, sem tantos preconceitos antiquados”, diz o psiquiatra. Sim, ele almeja um ideal não tão fácil de atingir. Um conselho de amiga? Vá pelo caminho do meio e coloque na cabeça que esse macho alfa desvalorizado precisa do mesmo que você: ser cuidado e compreendido, ter mais apoio. “Carinho amacia e abre caminhos para trocas e diálogos. Apoio e estímulo profissional o confirmam como capaz. Valorização das habilidades encoraja para novas conquistas”, diz Cuschnir. Celia acrescenta: “Encontrar uma nova função nas relações é o grande desafio. Eu apostaria como solução no papel complementar entre os gêneros. Deixar a disputa de lado para entender que as habilidades de um e de outro são imprescindíveis para os dois.”
DEPOIMENTOS
Outro dia a Karina, minha mulher, me pediu para comprar algo para ela levar para sua chefe. Parece que a mãe da moça havia falecido de repente. Comprei flores e levei bronca. A Karina esbravejou que eu era insensível, não pensava antes de fazer algo para ela. Disse que devia ter comprado chocolates, presente ideal quando uma mulher precisa de conforto. Por que não pediu logo bombons? É mania das mulheres quererem que a gente adivinhe o que sentem. Toda quinta encontro os caras da época da escola, e outro detalhe me intriga: o que elas têm contra nossas reuniões? Não estamos desprezando a companhia delas. Só queremos é relaxar. Se tivermos essa liberdade, voltamos para casa mais atenciosos!
Fernando Aguia, 33 anos, empresário, casado há 4 anos
A mulherada não está para brincadeira. No trabalho, elas são agressivas, partem para o tudo ou nada. Tenho uma colega que há dois anos dá o sangue por promoção. Apesar de atraente, a ambição sem limites afasta os caras. Para namorar uma dessas, tem de provar que está à altura e não ficará para trás se ela der um salto de salário. Não acho que mulheres devam ser submissas ou ganhar menos. Mas a postura que assumiram nos desafia num sentido próximo da competição. E não é o que esperamos quando nos envolvemos.
Rodrigo Castro, 30 anos, advogado, solteiro
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Os dilemas do homem alfa
As solteiras reclamam que eles fogem de compromisso, não as levam a sério. As comprometidas não aguentam a falta de atenção e empenho na relação. Afinal, o que há de errado com eles? Temos a resposta!
Alguma coisa está fora da ordem nos relacionamentos amorosos. E você sabe disso. O descompasso entre homens e mulheres anda extrapolando aquelas diferenças básicas entre os sexos que talvez você tenha lido no best-seller de 1997 Homens São de Marte, Mulheres São de Vênus. Se antes era mais simples (o que não quer dizer mais fácil!) entender e ajustar descompassos com base em teses como “As mulheres são mais emocionais e os homens, mais racionais”, hoje a coisa complicou. Para começar, nem sempre nos portamos como o sexo frágil. Para alcançar sucesso profissional, aprendemos (com eles) a ser mais práticas, objetivas, focadas em resultado. E toda a confusão na mente masculina aparece justamente com nossa mudança de papel na sociedade. Sim, já se passaram cerca de 50 anos desde que queimamos sutiã em praça pública e eles ainda sofrem o baque da transformação. Estão em crise. E uma das pessoas interessadas em que saiam dessa é você. NOVA conversou com estudiosos do assunto e destaca os principais dilemas do homem da nova década. Abra os olhos e o coração — e seu futuro ao lado de um macho alfa está garantido!
Ele se sente fora de moda
Imagine que uma personal stylist colocou seu armário abaixo, disse que nada servia e foi embora sem indicar o que usar. Essa sensação é parecida com o que vive o homem alfa. A certeza que ele tem é de que o macho à antiga — provedor, líder, dono da última palavra — é fracasso de bilheteria. Até nos apossamos de tais características e tomamos a frente de tudo na relação. E ele não sabe mais como agir. “Não se sente no poder de decidir qual o rumo do relacionamento nem o que vai fazer no dia a dia”, diz o psiquiatra Luiz Cuschnir, supervisor no Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e criador e coordenador do Iden (Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher). “Isso culmina em baixíssima autoestima”, afirma a socióloga Celia Belém, dona da agência de pesquisa Arquitetura do Conhecimento. “Ele não aprendeu meios alternativos para continuar reconhecendo suas qualidades de macho”, diz o psicoterapeuta Sócrates Nolasco, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A força, a objetividade, a agressividade e o controle ainda são formas de mostrar-se poderoso. Mas tudo isso hoje é machismo — e ser machista é como usar calça boca de sino vermelha! Ajude-o a mudar:
Guarde o terninho no armário
Boa aluna, a mulher aprendeu logo que, para sobreviver à pressão de ter de equilibrar carreira e vida pessoal, precisa falar firme, batalhar e ser guerreira em tempo integral. Acaba tendo dificuldade em virar a chavinha para deixar seu lado feminino e acolhedor vir à tona. Quem nunca chegou em casa marchando sobre o salto e se esqueceu de perguntar ao marido se ele teve um dia bom? Ou se pegou julgando o namorado porque ele errou o presente? E cobrou de um paquera a decisão de assumir compromisso como se fechasse um negócio? Não faltam exemplos de situações que deixam os homens de olhos arregalados. “Eles veem as mulheres duras consigo mesmas e com eles, elevando o nível de tensão no convívio. Elas estão pouco disponíveis para ouvi-los, descartando-os e desvalorizando-os”, diz Cuschnir. O resultado é infelicidade dos dois lados. Diante de uma megera indomável, os solteiros fogem de compromisso por medo de não corresponder às altas expectativas; e os casados mergulham no trabalho para escapar da insatisfação. E com as mulheres fica a sensação de conviver com ratos ou inimigos. Para pedir paz nessa guerra, recolha as armas. Tente se policiar em relação às reclamações e às palavras de desprezo, de desvalorização — será mesmo que ele não faz nada direito? “É importante reconhecer as características masculinas positivas: a praticidade e a objetividade que ele tem para resolver problemas, a coragem que a inspira a enfrentar medos, a segurança que passa quando algo a ameaça ou a deixa relutante”, completa Celia.
dite o dress code da relação
O segredo das sortudas que têm ao lado um homem alfa bem resolvido? Elas não economizam palavras para descrever direitinho as atitudes que caem bem nele. Dizem com todas as letras o que precisam e do que sentem falta. Não acham que ele deve captar mensagens por telepatia. “A maioria das mulheres deseja que seu homem decifre uma gama enorme de necessidades a partir de uma reclamação pontual. Exemplo: esperam que ele entenda que por trás da pergunta ‘Você reparou no meu corte de cabelo?’ há outras demandas, como ‘Você não presta atenção em mim’ ou ‘Você não é romântico’. Mas eles não têm capacidade de assimilar queixas implícitas”, diz Celia. Nolasco completa: “Para o homem, esse é um processo complicado. Por ter uma trava natural para olhar para si e refletir sobre as próprias fragilidades, ele tem dificuldade em reconhecer no outro demandas emocionais, como carência”. Ou seja, fale! Gaste palavras e se poupe de frustrações. Celia conclui: “A revolução feminina se deu em pouco tempo e transformou profundamente a organização social, os papéis e o espaço de cada um. Os homens estão no meio desse turbilhão. Às vezes, com ótimas intenções: querem nos ajudar a ter menos carga sobre os ombros. Para incentivá-los a encontrar um meio-termo, é preciso estar do lado deles”.
Ele precisa do clube
Sim, você é peça-chave para fazer com que o homem alfa saia dessa crise. Mas não se sinta a única responsável. “Mais do que provar que é homem, ele precisa confirmar para si e para os outros que tem força — não só física, mas o poder nas relações”, diz Cuschnir. “Pode se realizar ao se envolver com projetos e relacionamentos que os empolguem. E o convívio social é importante.” Agradeça aos céus se ele tem novos desafios no trabalho ou futebol toda terça, faz parte de uma confraria do vinho, não abre mão de surfar no fim de semana e até liga para avisar que tem happy hour com os caras do MBA. “Ele precisa de tempo e espaço entre outros homens para expressar agressividade, conviver em bando. No seu clubinho, dedica-se a atividades como apreciar cerveja ou falar de mulher. Necessita desse momento como forma de expressão da sua virilidade”, diz Nolasco.
ELE SONHA COM UMA MULHER COMPLETA
No pacote de esforços para reafirmar a masculinidade, não está incluso o item “Torcer para que você volte aos tempos da rainha do lar”. Ainda bem! Segundo Cuschnir, o homem da nova década sabe que a mulher tem atribuições iguais a ele do ponto de vista profissional e precisa se destacar na carreira. Mais: quer participar do crescimento da parceira e vibra quando ela conquista seu lugar ao sol. Mas sente falta de maior dedicação feminina à relação. “O homem espera uma mulher com atitudes que correspondam a hábitos mais tradicionais na maneira de se cuidar e de se dedicar a ele. Ao mesmo tempo, quer que ela seja livre para viajar, transar, sem tantos preconceitos antiquados”, diz o psiquiatra. Sim, ele almeja um ideal não tão fácil de atingir. Um conselho de amiga? Vá pelo caminho do meio e coloque na cabeça que esse macho alfa desvalorizado precisa do mesmo que você: ser cuidado e compreendido, ter mais apoio. “Carinho amacia e abre caminhos para trocas e diálogos. Apoio e estímulo profissional o confirmam como capaz. Valorização das habilidades encoraja para novas conquistas”, diz Cuschnir. Celia acrescenta: “Encontrar uma nova função nas relações é o grande desafio. Eu apostaria como solução no papel complementar entre os gêneros. Deixar a disputa de lado para entender que as habilidades de um e de outro são imprescindíveis para os dois.”
DEPOIMENTOS
Outro dia a Karina, minha mulher, me pediu para comprar algo para ela levar para sua chefe. Parece que a mãe da moça havia falecido de repente. Comprei flores e levei bronca. A Karina esbravejou que eu era insensível, não pensava antes de fazer algo para ela. Disse que devia ter comprado chocolates, presente ideal quando uma mulher precisa de conforto. Por que não pediu logo bombons? É mania das mulheres quererem que a gente adivinhe o que sentem. Toda quinta encontro os caras da época da escola, e outro detalhe me intriga: o que elas têm contra nossas reuniões? Não estamos desprezando a companhia delas. Só queremos é relaxar. Se tivermos essa liberdade, voltamos para casa mais atenciosos!
Fernando Aguia, 33 anos, empresário, casado há 4 anos
A mulherada não está para brincadeira. No trabalho, elas são agressivas, partem para o tudo ou nada. Tenho uma colega que há dois anos dá o sangue por promoção. Apesar de atraente, a ambição sem limites afasta os caras. Para namorar uma dessas, tem de provar que está à altura e não ficará para trás se ela der um salto de salário. Não acho que mulheres devam ser submissas ou ganhar menos. Mas a postura que assumiram nos desafia num sentido próximo da competição. E não é o que esperamos quando nos envolvemos.
Rodrigo Castro, 30 anos, advogado, solteiro
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