- 22 Nov 2013, 14:26
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Depoimento de um ex-viciado.
Ganhei meu primeiro computador na 8ª série... na época, tinha minha namoradinha na escola, conversava com uma galera, enfim, era bem incluído socialmente.
Comecei a jogar um mmorpg e, cara, aquilo me fascinou! E me consumiu como jamais imaginei que poderia consumir... virei um expert no jogo. Procurei sobre as skills no fórum oficial, depois em fóruns "alternativos"
e cheguei inclusive a saber exatamente o poder de ação delas. Eu poderia calcular o poder de ataque somente por receber dano!
Por outro lado, minha vida virou aquilo. Ia pra escola pensando em combinações, restringi minhas conversas a outros jogadores e acabei deixando a menina de lado. Em menos de 6 meses eu estava irreconhecível, e assim foi até o 1º ano do ensino médio.
E olha que engraçado, eu larguei o vício por causa do vício! Aprendi inglês para me comunicar melhor e compreender o que se falava em fóruns gringos, aprendi levemente sobre programação estudando as skills, adquiri o hábito de pesquisar sobre hardware, software... e quando vi, estava fazendo um curso técnico de informática com foco em programação. Meu TCC? Desenvolvimento de jogos em flash. Faculdade? Sistemas de Informação, já com planos de criar meu próprio jogo. E durante todo este período, nunca tive um videogame ou joguei algo por mais de 2 semanas. Me distraia com atividades ligadas a isso e aproveitei o que aprendi para ampliar meus horizontes. Assisti séries para melhorar meu inglês, vi vários filmes, conheci bandas novas... ou seja, adquiri cultura em várias áreas. Ao final do terceiro ano, instalei o jogo (Lineage II) novamente e adivinhe? NÃO SENTI O PRAZER DE ANTES!
O que quero dizer é que você não deve abandonar o jogo do nada, vá se desvencilhando aos poucos. Eu sei, parece difícil e é mesmo. Afinal, não é o jogo em si, é tudo envolvido: O ritual de sentar, se desligar dos problemas, ter um momento "excitante"... mas já parou para pensar se o jogo está mesmo te agradando? O que você sente ao jogar? A empolgação de antes talvez tenha virado conformismo... o jogo já não dá aquele tesão, mas são anos repetindo o mesmo ritual. Quer um exemplo?
Uma amiga da faculdade é fumante. Perguntei o que ela gostava no cigarro e ela não soube responder. Pelo contrário, disse que ele a deixava fedendo, com gosto ruim na boca, amarelava os dentes... ESPERA, mas então por que ela continua? E compartilhei a seguinte opinião...
Sempre que ela ia fumar, dava uma pausa no que fazia. Sempre que ficava nervosa, parava tudo pra relaxar e apreciar 10 minutos na janela, fumando um cigarro. Depois do sexo, cigarrinho. Enfim, o ritual de se livrar dos problemas, seja por 5 minutos, a ligou ao cigarro. Ele funcionou como uma ancora, se você gosta de PNL, rs. E não adiantava ela tentar parar de um momento para o outro. Mesmo que ela fosse à janela, não repetiria o ato de colocar o cigarro na boca, tragar, soltar a fumaça... ela deve ter repetido essa atitude dezenas de milhares de vezes, como se desprender disso do nada? IMPOSSÍVEL!
Como pode perceber, os vícios todos tem um relacionamento estreito, um contexto parecido. Para se livrar de um vício, comece aos poucos e se ocupe. Quando der AQUELA vontade, joga! Faça disso um hábito saudável. Meu pensamento era "Chegando em casa, vou jogar. O que farei hoje? Upar?"... IMBECIL! O jogo virou uma dever, não um prazer.
Espero que possa ter lhe ajudado em algo.
E a propósito, agora troquei de curso e faço Direito. Jogos? Só quando os amigos chamam, nas tardes de sábado depois de um futsal clássico.
Se cuida e nos dê retorno!
Abraços!