- 21 Mai 2011, 23:36
#263348
A longa rota de autodestruição de Charlie Sheen, o astro mais bem pago (e agora desempregado) da TV
Ele ganhava 2 milhões de dólares por episódio da série Two and a Half Men, um dos carros-chefes da rede americana CBS, apesar de correr o risco de ver a fama e a grana irem embora por ter se aferrado a um consumo maciço de cocaína e álcool que o levou a clínicas de recuperação por duas vezes no último ano. Então, o inevitável aconteceu na última semana de fevereiro: mesmo perdendo cerca de 200 milhões de dólares em receitas atuais e futuras de publicidade, a emissora decidiu cancelar o show após Sheen, 45 anos, chamar Chuck Lorre (criador e produtor executivo do programa) de “palhaço” em entrevista a uma rádio. O discurso caótico e furioso feito por Charlie na ocasião foi surpreendentemente parecido com o do fotógrafo de guerra maníaco interpretado por Dennis Hopper em Apocalypse Now, filme estrelado por seu pai, Martin Sheen, em 1979. Se não bastasse, após a notificação do cancelamento, Sheen enviou uma carta ao site de celebridades TMZ na qual escreveu coisas como: “Venci essa minhoca (Lorre) com minhas palavras — imagine o que faria com meus punhos cuspidores de fogo”.
A última farra de Charlie, depois da qual buscou refúgio numa clínica de recuperação, foi no dia 27 de janeiro e envolveu uma maleta de cocaína e cinco estrelas pornôs — entre as quais Kacey Jordan e Melanie Rios, de 22 e 19 anos —, que se esbaldaram por mais de 24 horas com o ator antes de os paramédicos baterem à porta de sua mansão de 8 milhões de dólares em Beverly Hills e o levarem ao prontosocorro. “Quando cheguei, ele já estava completamente alucinado”, comenta Kacey. “Entornava vodca sem parar, inalava vapor de coca e assistia a filmes de sacanagem.”
O legado de autodestruição de Charlie Sheen já está gravado no panteão hollywoodiano da mitologia sórdida ao lado do de outros deuses, como Dennis Hopper, com suas orgias hétero regadas a drogas; Rock Hudson e as orgias gays; Eddie Murphy e o travesti de programa; Robert Downey Jr., que desmaiou com uma overdose de heroína no quarto do filho de um vizinho; e, claro, Mel Gibson embriagado disparando comentários antissemitas e ameaçando cobrir a mulher de pancada. O comportamento de Sheen revela um descaso assombroso por seu milagroso retorno à TV e por um salário de 50 milhões de dólares por ano, que o coloca no mesmo patamar dos atores de cinema mais bem pagos da atualidade, como Johnny Depp e Angelina Jolie. Não há nenhuma poesia nessa autodestruição explícita. Pode parecer divertido para quem vê de fora, mas é tão deprimente quanto a declaração dada por ele no ano passado: “Alcoólicos Anônimos é obra de maricas. Esse culto de cachaceiros tem no máximo 5% de sucesso. Eu tenho 100%. Sou especial e nunca serei como vocês! Vou ficar de bobeira com duas gostosas, voando pelo mundo num jatinho particular. Pode ser solitário no topo, mas a vista é muito boa!”
Sheen é um entusiástico escravo de sua dependência química e não demonstra remorso nem interesse em se desintoxicar. É o exemplo clássico do viciado funcional que, para mudar de rumo, precisa chegar ao fundo do poço — ou morrer tentando. Charlie Sheen se firmou como um ator de cinema promissor logo nos primeiros filmes em que atuou, como Platoon (1986) e Wall Street — Poder e Cobiça (1987), seguidos por grandes produções comerciais, como Garra de Campeões (1989) e Top Gang! Ases Muito Loucos (1991). O sucesso, porém, subiu-lhe à cabeça. “Um dia, apareci no set para rodar uma cena importante com Michael Douglas. Estava com uma ressaca tão forte que não consegui sequer tirar os óculos escuros. Fiquei ali tomando água para não vomitar em cima de Michael. Meu problema é que nunca queria que a festa acabasse”, disse. Depois que os grandes estúdios passaram a ficar mais cautelosos em relação aos seus abusos, Charlie se viu relegado a filmes B vagabundos, como A Invasão (1996). Anos mais tarde, sua carreira cinematográfica havia degringolado de tal modo que ele estava reduzido a um papel coadjuvante ao lado de Owen Wilson em O Golpe (2004).
Em 2002, durante um raro período de sobriedade, Charlie casou-se com a deslumbrante atriz Denise Richards. No ano seguinte, conseguiu se recompor como Charlie Harper, protagonista de Two and a Half Men, série de TV de extraordinário sucesso na qual faz o papel de um simpático solteirão conquistador que se vê obrigado a conviver com o irmão e o sobrinho e que lhe permite se inspirar amplamente na própria vida. Uma espécie de versão família dele mesmo. Graças à série, Charlie recuperou sua posição como astro, o que aparentemente o livrou de suas compulsões. No entanto, em
2005 estava de novo mergulhado em bebedeiras e orgias. Denise Richards pediu o divórcio quando estava grávida do segundo filho, depois de ele a ter derrubado no chão, aos berros de “Espero que você se dane, vagabunda!”. Charlie nunca se recuperou do fim do casamento, e Denise, apesar de todo o abuso que sofreu, ainda tentou várias vezes, em vão, fazer com que o ex seguisse programas de tratamento — pelo menos em benefício das duas filhas do casal, Sam e Lola, de 6 e 5 anos.
Se é possível ter alguma noção do ator por seu personagem em Two and a Half Men, há muito o que levar em conta. O Charlie boa-vida é como um surfista convencido de que a grande onda que o carrega jamais vai lhe fazer mal. Embora consumido pela ambição, não se livra da culpa pelo fato de estar desperdiçando o talento em uma série de TV, ainda que muito popular. Em seu desregramento despropositado, não há nada a que o ator ensandecido possa dirigir sua raiva, e por isso continua se drogando em hotéis genéricos com prostitutas anônimas e atrizes pornôs. Tudo o que resta agora é o espetáculo em câmera lenta de sua desintegração.
“Não é nada fácil lidar com a fama”, admitiu Charlie em uma entrevista em 1994. “Mas nunca fui suicida. Se tivesse de chutar o balde, não faria como (Kurt) Cobain. Preferiria algo mais… dramático.” Mais dramático do que explodir a própria cabeça no auge da fama como o ícone do Nirvana, entupido de heroína? Charlie baixou a voz e sugeriu uma alternativa: “Eu me jogaria no Grand Canyon dirigindo um Stingray 67 em chamas, fantasiado de Homem-Aranha e gritando com toda a força ‘Manhêêêê!’ enquanto alguém filmava tudo”.
Talvez esse desejo esteja prestes a ser realizado.
http://revistaalfa.abril.com.br/cultura ... o-bad-boy/
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Achei interessante essa reportagem sobre o Charlie Sheen que é muito considerado como macho Alfa por algumas pessoas.
Abraço!
Ele ganhava 2 milhões de dólares por episódio da série Two and a Half Men, um dos carros-chefes da rede americana CBS, apesar de correr o risco de ver a fama e a grana irem embora por ter se aferrado a um consumo maciço de cocaína e álcool que o levou a clínicas de recuperação por duas vezes no último ano. Então, o inevitável aconteceu na última semana de fevereiro: mesmo perdendo cerca de 200 milhões de dólares em receitas atuais e futuras de publicidade, a emissora decidiu cancelar o show após Sheen, 45 anos, chamar Chuck Lorre (criador e produtor executivo do programa) de “palhaço” em entrevista a uma rádio. O discurso caótico e furioso feito por Charlie na ocasião foi surpreendentemente parecido com o do fotógrafo de guerra maníaco interpretado por Dennis Hopper em Apocalypse Now, filme estrelado por seu pai, Martin Sheen, em 1979. Se não bastasse, após a notificação do cancelamento, Sheen enviou uma carta ao site de celebridades TMZ na qual escreveu coisas como: “Venci essa minhoca (Lorre) com minhas palavras — imagine o que faria com meus punhos cuspidores de fogo”.
A última farra de Charlie, depois da qual buscou refúgio numa clínica de recuperação, foi no dia 27 de janeiro e envolveu uma maleta de cocaína e cinco estrelas pornôs — entre as quais Kacey Jordan e Melanie Rios, de 22 e 19 anos —, que se esbaldaram por mais de 24 horas com o ator antes de os paramédicos baterem à porta de sua mansão de 8 milhões de dólares em Beverly Hills e o levarem ao prontosocorro. “Quando cheguei, ele já estava completamente alucinado”, comenta Kacey. “Entornava vodca sem parar, inalava vapor de coca e assistia a filmes de sacanagem.”
O legado de autodestruição de Charlie Sheen já está gravado no panteão hollywoodiano da mitologia sórdida ao lado do de outros deuses, como Dennis Hopper, com suas orgias hétero regadas a drogas; Rock Hudson e as orgias gays; Eddie Murphy e o travesti de programa; Robert Downey Jr., que desmaiou com uma overdose de heroína no quarto do filho de um vizinho; e, claro, Mel Gibson embriagado disparando comentários antissemitas e ameaçando cobrir a mulher de pancada. O comportamento de Sheen revela um descaso assombroso por seu milagroso retorno à TV e por um salário de 50 milhões de dólares por ano, que o coloca no mesmo patamar dos atores de cinema mais bem pagos da atualidade, como Johnny Depp e Angelina Jolie. Não há nenhuma poesia nessa autodestruição explícita. Pode parecer divertido para quem vê de fora, mas é tão deprimente quanto a declaração dada por ele no ano passado: “Alcoólicos Anônimos é obra de maricas. Esse culto de cachaceiros tem no máximo 5% de sucesso. Eu tenho 100%. Sou especial e nunca serei como vocês! Vou ficar de bobeira com duas gostosas, voando pelo mundo num jatinho particular. Pode ser solitário no topo, mas a vista é muito boa!”
Sheen é um entusiástico escravo de sua dependência química e não demonstra remorso nem interesse em se desintoxicar. É o exemplo clássico do viciado funcional que, para mudar de rumo, precisa chegar ao fundo do poço — ou morrer tentando. Charlie Sheen se firmou como um ator de cinema promissor logo nos primeiros filmes em que atuou, como Platoon (1986) e Wall Street — Poder e Cobiça (1987), seguidos por grandes produções comerciais, como Garra de Campeões (1989) e Top Gang! Ases Muito Loucos (1991). O sucesso, porém, subiu-lhe à cabeça. “Um dia, apareci no set para rodar uma cena importante com Michael Douglas. Estava com uma ressaca tão forte que não consegui sequer tirar os óculos escuros. Fiquei ali tomando água para não vomitar em cima de Michael. Meu problema é que nunca queria que a festa acabasse”, disse. Depois que os grandes estúdios passaram a ficar mais cautelosos em relação aos seus abusos, Charlie se viu relegado a filmes B vagabundos, como A Invasão (1996). Anos mais tarde, sua carreira cinematográfica havia degringolado de tal modo que ele estava reduzido a um papel coadjuvante ao lado de Owen Wilson em O Golpe (2004).
Em 2002, durante um raro período de sobriedade, Charlie casou-se com a deslumbrante atriz Denise Richards. No ano seguinte, conseguiu se recompor como Charlie Harper, protagonista de Two and a Half Men, série de TV de extraordinário sucesso na qual faz o papel de um simpático solteirão conquistador que se vê obrigado a conviver com o irmão e o sobrinho e que lhe permite se inspirar amplamente na própria vida. Uma espécie de versão família dele mesmo. Graças à série, Charlie recuperou sua posição como astro, o que aparentemente o livrou de suas compulsões. No entanto, em
2005 estava de novo mergulhado em bebedeiras e orgias. Denise Richards pediu o divórcio quando estava grávida do segundo filho, depois de ele a ter derrubado no chão, aos berros de “Espero que você se dane, vagabunda!”. Charlie nunca se recuperou do fim do casamento, e Denise, apesar de todo o abuso que sofreu, ainda tentou várias vezes, em vão, fazer com que o ex seguisse programas de tratamento — pelo menos em benefício das duas filhas do casal, Sam e Lola, de 6 e 5 anos.
Se é possível ter alguma noção do ator por seu personagem em Two and a Half Men, há muito o que levar em conta. O Charlie boa-vida é como um surfista convencido de que a grande onda que o carrega jamais vai lhe fazer mal. Embora consumido pela ambição, não se livra da culpa pelo fato de estar desperdiçando o talento em uma série de TV, ainda que muito popular. Em seu desregramento despropositado, não há nada a que o ator ensandecido possa dirigir sua raiva, e por isso continua se drogando em hotéis genéricos com prostitutas anônimas e atrizes pornôs. Tudo o que resta agora é o espetáculo em câmera lenta de sua desintegração.
“Não é nada fácil lidar com a fama”, admitiu Charlie em uma entrevista em 1994. “Mas nunca fui suicida. Se tivesse de chutar o balde, não faria como (Kurt) Cobain. Preferiria algo mais… dramático.” Mais dramático do que explodir a própria cabeça no auge da fama como o ícone do Nirvana, entupido de heroína? Charlie baixou a voz e sugeriu uma alternativa: “Eu me jogaria no Grand Canyon dirigindo um Stingray 67 em chamas, fantasiado de Homem-Aranha e gritando com toda a força ‘Manhêêêê!’ enquanto alguém filmava tudo”.
Talvez esse desejo esteja prestes a ser realizado.
http://revistaalfa.abril.com.br/cultura ... o-bad-boy/
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Achei interessante essa reportagem sobre o Charlie Sheen que é muito considerado como macho Alfa por algumas pessoas.
Abraço!