Aqui é aonde Arquivamos as discussões e debates do PUABASE.
Apenas Membros VIPS
Organização sempre!

Criador do tópico

_HeadbangeR_

Aprendiz

#134507 Olá a todos!

Estive lendo um material de um curso de Português que estou fazendo na faculdade, e teve um trecho deste material que me chamou bastante a atenção. Logo a seguir colocarei ele na íntegra.
Não se trata de sedução, mas como este fórum não é somente sobre sedução e sim sobre uma melhora de vida, creio que o que estou postando é algo importante e que a maioria das pessoas não percebe. Eu mesmo não percebia.

Trecho do livro Preconceito Lingüístico, de Marcos Bagno:

O preconceito lingüístico é conseqüência dos preconceitos sociais. Em geral, é exercido sobre as pessoas
que sofrem mais estigmas na sociedade – o analfabeto, o pobre, aqueles que não têm acesso à
escolarização. Essas pessoas são acusadas de falar errado, de não saber falar, de estropiar a língua. Quando
se faz uma análise mais refinada, do ponto de vista sociológico, a gente percebe que há uma transferência
daquilo que a sociedade acusa a pessoa de ser para a “língua” que ela fala. Então, se a pessoa é pobre, a
“língua” dela é pobre. Se a pessoa vive numa região considerada atrasada, a “língua” dela vai ser
considerada atrasada. São essas as tramas perversas do preconceito.

O que não quer dizer que, estruturalmente, a variante lingüística que essas pessoas usam seja pobre.

Exatamente. Do ponto de vista estritamente científico, lingüístico, qualquer maneira de falar tem sua
razão de ser, tem suas regras, obedece a uma gramática. Mas, como a sociedade não se organiza em termos
científicos, por mais bem estruturada que essa variante lingüística seja, ela vai sempre ser considerada
errada, porque não corresponde àquilo que as forças detentoras de poder na sociedade consideram correto
ou adequado.

Pode-se falar em diferentes tipos de preconceito lingüístico – regional, social, por exemplo?

Não. O preconceito lingüístico reflete os preconceitos sociais. O que há é uma gradação – quanto mais
estigmatizada a pessoa é socialmente, mais estigmatizada é a fala dela. Se um analfabeto ou uma pessoa
de baixa renda comete uma determinada impropriedade gramatical, é extremamente estigmatizada,
considerada burra. Agora, se for uma pessoa com escolaridade superior, que goze de prestígio na
sociedade, é considerado um deslize. O mesmo suposto erro cometido pela pessoa A ou pela pessoa B vai
ter uma avaliação diferente de acordo com a localização delas na estrutura social. Na época das campanhas
para a presidência, algumas pessoas fizeram o trabalho de pegar a fala do Lula e dos outros candidatos e
mostraram que as diferenças lingüísticas não eram tão grandes. As mesmas não-concordâncias que o Lula
fazia, os outros também faziam. Só que, se o cara é paulista, de uma família tradicional, professor
universitário, os problemas de fala dele não são considerados tão graves. Mas os do outro, que é ex-
operário, nordestino, filho de analfabeto, já chamam mais atenção. Então, a avaliação lingüística é muito
dependente da avaliação social.


http://www.scribd.com/doc/6313101/PRECONCEITO-LINGuISTICO-Marcos-Bagno

Uma mente ALFA não deve ter preconceitos!
Aberto a FEEDS!!

\m/