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Criador do tópico

Deco

Veterano - nível 2

#962777 A íntegra do diálogo encontra-se neste link: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=03443
Para mim, uma ideia sobre a qual todos devem refletir em algum momento. Trata-se do principal acontecimento de nossas vidas: a escolha. Ela sempre ocorrerá, conscientemente ou não. Mais: ela se estenderá e se renovará por toda nossa vida. Percebem a importância?
Vejamos o diálogo entre Neo e o Arquiteto.
O Arquiteto – Eu sou o Arquiteto. Eu criei a Matrix. Eu estava à sua espera. Você tem muitas perguntas. Embora o processo tenha alterado tua consciência, você continua irrevogavelmente humano. Assim sendo, algumas de minhas respostas você entenderá; outras não. Em consonância, ainda que sua primeira pergunta possa ser a mais pertinente, você pode, ou não, se dar conta de que ela também é irrelevante.
Neo – Por que estou aqui?
(O Arquiteto apresenta-se como o criador. Deixa evidente não só sua superioridade, mas também nossa limitação. Superada essa introdução, inicia-se o tema deste relato. O Arquiteto antecipa-se e adianta que a primeira pergunta, embora pertinente, é irrelevante. Por que nós estamos aqui, leitor?)
O Arquiteto – Sua vida é a soma do saldo de uma equação desequilibrada inerente à programação da Matrix. Você é a consequência de uma anomalia que, apesar de meus sinceros esforços, fui incapaz de eliminar. Caso conseguisse, seria uma harmonia de precisão matemática. Ainda que evitá-la continue sendo uma tarefa árdua, ela não é inesperada; portanto, não está além de qualquer controle. Fato esse que o trouxe aqui.
Neo – Você não respondeu à minha pergunta.
(Neo perguntou o porquê de estar junto ao Arquiteto. Esse alegou ser uma pergunta pertinente, mas irrelevante. Por que irrelevante? Em seguida, não respondeu o porquê de Neo estar ali, mas explicou o que seria o Neo. Em outras palavras, desconversou.)
O Arquiteto – Exatamente. Interessante. Foi mais rápido do que os outros.
O Arquiteto – A Matrix é mais velha do que você imagina. Eu prefiro contar a partir do surgimento de uma anomalia integral para a seguinte. Neste caso, esta é a sexta versão.
Neo – Só há duas explicações possíveis: ou ninguém me disse ou ninguém sabe.
O Arquiteto – Precisamente. Como você está percebendo, a anomalia é sistêmica, criando flutuações até mesmo nas equações mais simples.
Neo – O problema é a escolha.
(Nesse ponto, o Arquiteto introduz a questão da anomalia. O que seria isso? Neo tem um pressentimento. Talvez, a anomalia esteja vinculada à escolha.)
O Arquiteto – A primeira Matrix que projetei era evidentemente perfeita. Uma obra de arte. Impecável. Sublime. Um triunfo equiparado apenas ao seu fracasso monumental. A inevitabilidade de sua ruína é tão evidente agora quanto ser uma consequência da imperfeição inerente a todo ser humano. Assim sendo, redesenhei a Matrix com base na história de vocês (humanos) para refletir com maior precisão as variações grotescas de sua natureza. Todavia, mais uma vez, fui frustrado pelo fracasso. Desde então, compreendi que a resposta me escapava, porque ela necessitava de uma mente inferior, ou, talvez, de uma mente menos afeita aos parâmetros da perfeição. A resposta foi encontrada, por acaso, por outrem. Um programa intuitivo. Inicialmente criado para investigar certos aspectos da psique humana. Se eu sou o pai da Matrix, ela é a mãe.
Neo – A Oráculo!
(O Arquiteto conta o histórico da Matrix. Segundo os critérios dele, a primeira Matrix foi perfeita e equiparável apenas ao seu fracasso. Por que fracassou? Com as informações da 1ª Matrix, ele criou a 2ª versão, realizando as alterações que entendia necessárias. Novamente, falhou. Percebeu, então, que não possuía a solução. Em um momento posterior, a solução foi encontrada por um programa que não seguia os padrões do Arquiteto (Lógica), mas a intuição.)
O Arquiteto – Oh, por favor... Como eu dizia, ela se deparou, por acaso, com uma solução por meio da qual quase 99,9% de todas as cobaias aceitavam o programa. A solução foi possibilitar a escolha, mesmo que estivessem cientes disso em um nível quase inconsciente. Embora essa resposta funcionasse, ela era fundamentalmente defeituosa, criando, assim, a anomalia sistêmica que, caso não vigiada, poderia ameaçar o próprio sistema. Consequentemente, aqueles que recusavam o programa, mesmo uma minoria, caso não vigiados, constituiriam uma possibilidade crescente de catástrofe.
Neo – Isso tem a ver com Zion.
(Eis o motivo da falha do Arquiteto: ele não facultava a escolha aos humanos. Uma vez descoberta a solução, o Arquiteto a implantou, mas os humanos sabiam dela apenas de forma quase inconsciente. Por que isso? A escolha se concretizava da seguinte forma: aceitar ou não aceitar o programa. Ao aceitar, o programa continuaria perfeitamente. Ao não aceitar, permitia sua própria negação. Em outras palavras, o criador aceitando que sua cria venha a negá-lo e, posteriormente, a destruí-lo. Essa é a anomalia: um sistema que aceita sua própria antítese. Por isso a necessidade de vigilância sobre a minoria. Essa residia em Zion.)
O Arquiteto – Você está aqui porque Zion está prestes a ser destruída. Cada um de seus habitantes será exterminado. Sua inteira existência será erradicada.
Neo – Papo furado!
O Arquiteto – A função do Predestinado é retornar à fonte, permitindo uma temporária disseminação do código que você carrega, reinserindo o programa principal. Em seguida, você receberá a incumbência de escolher 23 indivíduos (16 mulheres e 7 homens) da Matrix a fim de reconstruir Zion. Em caso de discordância desse processo, o resultado será um crash de sistema, matando todos aqueles conectados com a Matrix, o que, somado ao extermínio de Zion, acarretará a extinção da raça humana,
Neo – Você não deixará isso acontecer. Não pode. Vocês precisam dos seres humanos para sobreviver.
O Arquiteto – Há níveis de sobrevivência que estamos preparados para aceitar. Todavia, a questão relevante é esta: você está ou não está apto a aceitar a responsabilidade pela morte de todos os seres humanos deste mundo?
(Neste ponto, o Arquiteto apresenta sua solução. No entanto, não obriga Neo, agindo no sentindo de influenciar sua escolha. Pressão psicológica bruta.)
O Arquiteto – É interessante ler suas reações. Seus cinco predecessores eram, por conta de seu projeto, baseados em uma mesma premissa, uma afirmação contingente responsável por criar um profundo vínculo com o resto de sua espécie, facilitando a função do Predestinado. Enquanto os outros experimentaram isso de maneira genérica, sua experiência é mais especial: o amor.
Neo – Trinity.
O Arquiteto – A propósito, ela entrou na Matrix para salvar sua vida ao custo da própria.
Neo – Não!
(Diferentemente o ocorrido nas outras versões da Matrix, Neo foi o único a experimentar o amor por outrem. Isso alterou boa parte de suas escolhas.)
O Arquiteto – O que nos traz finalmente ao momento da verdade. O momento em que a falha é definitivamente expressa e a anomalia revela ser tanto o começo quanto o fim.
(A anomalia, isto é, a escolha permitiu que a Matrix existisse, mas, ao mesmo tempo, permitiu a coexistência da negação da Matrix. Por isso, a escolha é tanto o começo quanto o fim.)
O Arquiteto – Há duas portas. A porta à direita leva para a fonte e à salvação de Zion. A porta à esquerda leva para a Matrix, para Trinity e para o fim da espécie. Como você com muita propriedade manifestou, o problema é a escolha. Porém, nós já sabemos o que você fará, não? Já posso ver a reação em cadeia. Os precursores químicos que sinalizam o raiar da emoção, projetados especificamente para sobrepujar a lógica e a razão. Uma emoção que o cega para a verdade simples e óbvia: ela (Trinity) morrerá e não há nada a ser feito para impedir.
* Neo caminha em direção à porta da esquerda.
O Arquiteto – Humff. Esperança. Eis a quintessência do delírio humano. Ao mesmo tempo, fonte de sua maior força e de sua maior fraqueza.
(Por fim, o Arquiteto sinaliza que a não aceitação do programa decorreria da emoção/intuição. Neo nega a opção do Arquiteto. O que acontece depois... Certamente, vocês já viram esse filme! Hahaha)

Notem a importância da escolha. Ela sempre ocorrerá, mesmo que quase inconscientemente. A escolha permite tanto o começo quanto o fim. O teu histórico/passado, leitor, é pertinente, mas não possui qualquer importância. A tua escolha é a única coisa relevante não apenas para você, mas para todos nós. Você escolhe perpetuar, mesmo que quase inconscientemente, ou negar o programa (o teu estilo de vida)?