- 14 Nov 2015, 01:00
#966320
A primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência, é dada pelos homens que o cercam. Quando estes são eficietes e fiéis, pode-se sempre considerar o príncipe sábio, pois foi capaz de reconhecer capacidade e manter fidelidade.
Por justiça entendo um conjunto de boas instituições mantenedoras da ordem e da estabilidade social.
Maquiavel dá ênfase à necessidade de os soldados receberem cuidadosa preparação religiosa, a fim de se tornarem mais obedientes.
São teus inimigos todos aqueles que se sentem ofendidos pelo fato de ocupares o principado; e também não podes conservar como amigo aqueles que te puseram ali, pois estes não podem ser satisfeitos como pensavam.
Os prejudicados sendo maioria na população do Estado, e dispersos e reduzido à pobreza, não poderão causar dano ao príncipe, e os outros que não forem prejudicados deverão por isso aquietar-se, por medo de que lhes aconteça o mesmo.
Faça-se o príncipe de chefe e defensor dos mais fracos, e trate de enfraquecer os poderosos da própria província.
Assim se dá com as coisas do Estado: conhecendo-se os males com antecedência, o que não é dado senão aos homens prudentes, rapidamente são curados: mas quando, por se terem ignorado, se têm deixado acumular, a ponto de serem conhecidos de todos, não haverá mais remédio àqueles males.
O desejo de conquista é coisa verdadeiramente natural e ordinária e os homens que podem fazê-lo serão sempre louvados e não censurados.
Os homens ofendem ou por medo ou por ódio.
Não podem existir boas leis onde não há boas armas.
Se tiver boas armas terá sempre bons amigos.
Os capitães mercenários ou são grandes militares ou não são nada; se o forem, não poderás-te fiar neles, porque aspirarão sempre à própria glória, ou abatendo a ti, que és o seu patrão, ou orpimindo a outrem contra a tua vontade. Se não forem grandes capitães, arruinar-te-ão por isso mesmo.
Nada é tão instável quanto a fama de poderio de um príncipe quando não apoiada na própria força.
Vê-se que perderam os seus Estados os príncipes que se preocuparam mais com os luxos da vida do que com as armas.
O estar desarmado te obriga a ser submisso.
Um príncipe que não entende de milícia, não pode ser estimado pelos seus soldados nem ter confiança neles.
Um príncipe sábio nunca deve ficar ocioso nos tempos de paz. deve, sim, inteligentemente, estar sempre preparado a resistir-lhes.
É possível seres muito mais pródigo com aquilo que não te pertence nem aos teus súditos, como fizeram Ciro, César e Alexandre, pois gastar o que é de outrem não rebaixa, pelo contrário, eleva a reputação.
Um príncipe deve gastar pouco para não ser obrigado a roubar de seus súditos. Assim, pois, é mais prudente ter fama de miserável, o que acarreta má fama sem ódio, do que, para conseguir a fama de liberal, ser obrigado a incorrer ao roubo da própria nação, o que constitui uma infâmia odiosa.
Um homem que fizer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus.
E ao príncipe que marcha com seus exércitos e que vive à custa de prisoneiros de guerra, de saques e de reféns, e maneja o que é dos outros, é necessária essa liberdade, porque de outra forma não seriam seguidos pelos seus soldados.
Exterminar seus rivais, antes que expropriá-los, uma vez que os mortos, à diferença dos roubados, não pensam em vingança.
Não deve, portanto, importar ao príncipe a qualificação de cruel para manter os seus súditos unidos e com fé, porque é mais piedoso do que aqueles que por muita clemência deixam acontecer desastres, dos quais podem nascer assassínios ou rapinagem.
Os homens geralmente são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ambiciosos de dinheiro, e, em quanto lhes fizeres bem, todos estão contigo.
E os homens hesitam menos em ofender aos que se fazem amor do que aos que se fazem temerem porque o amor é mantido por um vínculo de obrigação, o qual, devido a serem os homens pérfidos, é rompido sempre que lhes aprouver, ao passo que o temor que se infunde é alimentado pelo receio de castigo, que é um sentimento que não se abandona nunca.
Deve, sobretudo, abster-se de se aproveitar dos bens dos outros, porque os homens esquecem mais depressa a morte do pai do que a perda de seu patrimônio.
Teria eu a audácia de afirmar que, possuindo-as e usando-as todas, essas qualidades seriam prejudiciais, ao passo que, aparentando possuí-las, são benéficas; por exemplo: de uma lado, parecer ser efetivamente piedoso, fiel, humano, íntegro, religioso, e de outra, ter o ânimo de, sendo obrigado pelas circunstâncias a não o ser, tornar-se o contrário. É necessário, por isso, que possua ânimo disposto a voltar-se para a direção a que os ventos e as variações da sorte o impelirem, e, como disse mais acima, não partir do bem, mas, podendo, saber entrar para o mal, se a isso estiver obrigado.
Não sendo possível aos príncipes deixar de ser odiados por alguém, deveriam eles esforçar-se antes de mais nada por não ser odiado pela maioria. E quando não o podem conseguir, devem procurar, com muita habilidade, fugir do ódio das maiorias mais poderosas.
O ódio se adquire quer pelas boas, quer pelas más ações.
Por isso, um príncipe, querendo manter o Estado como disse mais acima, é frequentemente obrigado a não ser bom, porque quando aquela maioria, povo, soldados ou grandes que sejam, de que tu julgas ter necessidade para te manteres no poder, é corrompida, convém que sigas o teu pendor para satisfazê-la, e, nesse caso, as boas ações são prejudiciais.
E se ela não for afeição natural para com eles, e sim o descontentamento com o antigo governo, ao príncipe só muito dificilmente será possível conservar a amizade daqueles, pois será impossível satisfazê-los.
Portanto, quer nessa ocasião, quer antes, teria sido mais seguro para ela não ser odiada pelo povo do que possuir fortalezas, pois o conquistador pode receber apoio do povo enfurecido.
É ainda estimado um príncipe quando sabe ser verdadeiro amigo e verdadeiro inimigo, isto é, quando, sem qualquer preocupação, age abertamente em favor de alguém contra um terceiro. Esse partido será sempre mais útil do que o conservar-se neutro, porque se dois poderosos vizinhos teus se puserem a briga, ou são de qualidade que, vencendo um deles, tenhas de temer o vencedor, ou não.
Em qualquer caso, ser-te-á sempre mais útil descobrir-te e fazer guerra de fato, porque no primeiro caso, se não te descobrires, serás sempre presa de quem vencer, com grande prazer daquele que foi vencido,e não tens razão nem coisa alguma em tua defesa, nem quem te acolha.
Quem vence não quer amigos suspeitos e que não ajudem nas adversidades.
Note-se agora que um príncipe deve ter o cuidado de não fazer aliança com um que seja mais poderoso, senão quando a necessidade o compelir, pois que, vendendo, ficará prisoneiro do aliado; e os príncipes devem evitar o mais que possam a situação de estar à mercê de outrem.
A prudência está justamente em saber conhecer a natura dos inconvenientes e adotar o menos prejudicial como sendo bom.
O príncipe deve tirar a vontade a todos de aconselhar alguma coisa sem que ele solicite. Todavia deve perguntar muito e ouvir pacientemente a verdade acerca das coisas perguntadas. Até, achando que alguém, por qualquer temor, não lhe diga a verdade, não deve o príncipe deixar de mostrar seu desprazer.
O que se conclui daí é que os bons conselhos, de onde quer que procedam, nascem da prudência do príncipe, e não a prudência do príncipe dos bons conselheiros.
Por justiça entendo um conjunto de boas instituições mantenedoras da ordem e da estabilidade social.
Maquiavel dá ênfase à necessidade de os soldados receberem cuidadosa preparação religiosa, a fim de se tornarem mais obedientes.
São teus inimigos todos aqueles que se sentem ofendidos pelo fato de ocupares o principado; e também não podes conservar como amigo aqueles que te puseram ali, pois estes não podem ser satisfeitos como pensavam.
Os prejudicados sendo maioria na população do Estado, e dispersos e reduzido à pobreza, não poderão causar dano ao príncipe, e os outros que não forem prejudicados deverão por isso aquietar-se, por medo de que lhes aconteça o mesmo.
Faça-se o príncipe de chefe e defensor dos mais fracos, e trate de enfraquecer os poderosos da própria província.
Assim se dá com as coisas do Estado: conhecendo-se os males com antecedência, o que não é dado senão aos homens prudentes, rapidamente são curados: mas quando, por se terem ignorado, se têm deixado acumular, a ponto de serem conhecidos de todos, não haverá mais remédio àqueles males.
O desejo de conquista é coisa verdadeiramente natural e ordinária e os homens que podem fazê-lo serão sempre louvados e não censurados.
Os homens ofendem ou por medo ou por ódio.
Não podem existir boas leis onde não há boas armas.
Se tiver boas armas terá sempre bons amigos.
Os capitães mercenários ou são grandes militares ou não são nada; se o forem, não poderás-te fiar neles, porque aspirarão sempre à própria glória, ou abatendo a ti, que és o seu patrão, ou orpimindo a outrem contra a tua vontade. Se não forem grandes capitães, arruinar-te-ão por isso mesmo.
Nada é tão instável quanto a fama de poderio de um príncipe quando não apoiada na própria força.
Vê-se que perderam os seus Estados os príncipes que se preocuparam mais com os luxos da vida do que com as armas.
O estar desarmado te obriga a ser submisso.
Um príncipe que não entende de milícia, não pode ser estimado pelos seus soldados nem ter confiança neles.
Um príncipe sábio nunca deve ficar ocioso nos tempos de paz. deve, sim, inteligentemente, estar sempre preparado a resistir-lhes.
É possível seres muito mais pródigo com aquilo que não te pertence nem aos teus súditos, como fizeram Ciro, César e Alexandre, pois gastar o que é de outrem não rebaixa, pelo contrário, eleva a reputação.
Um príncipe deve gastar pouco para não ser obrigado a roubar de seus súditos. Assim, pois, é mais prudente ter fama de miserável, o que acarreta má fama sem ódio, do que, para conseguir a fama de liberal, ser obrigado a incorrer ao roubo da própria nação, o que constitui uma infâmia odiosa.
Um homem que fizer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus.
E ao príncipe que marcha com seus exércitos e que vive à custa de prisoneiros de guerra, de saques e de reféns, e maneja o que é dos outros, é necessária essa liberdade, porque de outra forma não seriam seguidos pelos seus soldados.
Exterminar seus rivais, antes que expropriá-los, uma vez que os mortos, à diferença dos roubados, não pensam em vingança.
Não deve, portanto, importar ao príncipe a qualificação de cruel para manter os seus súditos unidos e com fé, porque é mais piedoso do que aqueles que por muita clemência deixam acontecer desastres, dos quais podem nascer assassínios ou rapinagem.
Os homens geralmente são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ambiciosos de dinheiro, e, em quanto lhes fizeres bem, todos estão contigo.
E os homens hesitam menos em ofender aos que se fazem amor do que aos que se fazem temerem porque o amor é mantido por um vínculo de obrigação, o qual, devido a serem os homens pérfidos, é rompido sempre que lhes aprouver, ao passo que o temor que se infunde é alimentado pelo receio de castigo, que é um sentimento que não se abandona nunca.
Deve, sobretudo, abster-se de se aproveitar dos bens dos outros, porque os homens esquecem mais depressa a morte do pai do que a perda de seu patrimônio.
Teria eu a audácia de afirmar que, possuindo-as e usando-as todas, essas qualidades seriam prejudiciais, ao passo que, aparentando possuí-las, são benéficas; por exemplo: de uma lado, parecer ser efetivamente piedoso, fiel, humano, íntegro, religioso, e de outra, ter o ânimo de, sendo obrigado pelas circunstâncias a não o ser, tornar-se o contrário. É necessário, por isso, que possua ânimo disposto a voltar-se para a direção a que os ventos e as variações da sorte o impelirem, e, como disse mais acima, não partir do bem, mas, podendo, saber entrar para o mal, se a isso estiver obrigado.
Não sendo possível aos príncipes deixar de ser odiados por alguém, deveriam eles esforçar-se antes de mais nada por não ser odiado pela maioria. E quando não o podem conseguir, devem procurar, com muita habilidade, fugir do ódio das maiorias mais poderosas.
O ódio se adquire quer pelas boas, quer pelas más ações.
Por isso, um príncipe, querendo manter o Estado como disse mais acima, é frequentemente obrigado a não ser bom, porque quando aquela maioria, povo, soldados ou grandes que sejam, de que tu julgas ter necessidade para te manteres no poder, é corrompida, convém que sigas o teu pendor para satisfazê-la, e, nesse caso, as boas ações são prejudiciais.
E se ela não for afeição natural para com eles, e sim o descontentamento com o antigo governo, ao príncipe só muito dificilmente será possível conservar a amizade daqueles, pois será impossível satisfazê-los.
Portanto, quer nessa ocasião, quer antes, teria sido mais seguro para ela não ser odiada pelo povo do que possuir fortalezas, pois o conquistador pode receber apoio do povo enfurecido.
É ainda estimado um príncipe quando sabe ser verdadeiro amigo e verdadeiro inimigo, isto é, quando, sem qualquer preocupação, age abertamente em favor de alguém contra um terceiro. Esse partido será sempre mais útil do que o conservar-se neutro, porque se dois poderosos vizinhos teus se puserem a briga, ou são de qualidade que, vencendo um deles, tenhas de temer o vencedor, ou não.
Em qualquer caso, ser-te-á sempre mais útil descobrir-te e fazer guerra de fato, porque no primeiro caso, se não te descobrires, serás sempre presa de quem vencer, com grande prazer daquele que foi vencido,e não tens razão nem coisa alguma em tua defesa, nem quem te acolha.
Quem vence não quer amigos suspeitos e que não ajudem nas adversidades.
Note-se agora que um príncipe deve ter o cuidado de não fazer aliança com um que seja mais poderoso, senão quando a necessidade o compelir, pois que, vendendo, ficará prisoneiro do aliado; e os príncipes devem evitar o mais que possam a situação de estar à mercê de outrem.
A prudência está justamente em saber conhecer a natura dos inconvenientes e adotar o menos prejudicial como sendo bom.
O príncipe deve tirar a vontade a todos de aconselhar alguma coisa sem que ele solicite. Todavia deve perguntar muito e ouvir pacientemente a verdade acerca das coisas perguntadas. Até, achando que alguém, por qualquer temor, não lhe diga a verdade, não deve o príncipe deixar de mostrar seu desprazer.
O que se conclui daí é que os bons conselhos, de onde quer que procedam, nascem da prudência do príncipe, e não a prudência do príncipe dos bons conselheiros.