- 21 Mai 2018, 21:42
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De uns tempos pra cá, venho me deparando cada vez mais com uma série de perguntas dos mais variados assuntos. Tais como “como falo pra minha namorada a respeito do pickup?”, ou “como transformo meu atual relacionamento sério em um RMLP?”. Então, peguemos como premissa o último exemplo. Em uma sociedade na qual a poligamia é tida como indecorosa, dizer-se claramente praticante de algo que beira à poligamia é - no mínimo - um completo desrespeito à moral. No entanto, crescemos tão crentes de que a sociedade na qual vivemos foi construída a partir de uma única estrutura plausível, que nos esquecemos dos “porquês” presentes no mesmo contexto. A monogamia surgiu séculos atrás, em circunstâncias nas quais as tribos eram comumente nômades, as mulheres tinham relações com vários homens e as crianças eram criadas pela comunidade. Diante de um quadro no qual era evidente a necessidade de se estabelecer um local fixo para produção de alimentos e moradia, criou-se o que hoje conhecemos como propriedade privada. Desde então, os donos das respectivas terras se viram diante da necessidade de passarem seus bens somente para seus herdeiros. Para isso, era preciso que as mulheres com as quais tivessem relações permanecessem em casa cuidando de sua prole, para que seus parceiros se certificassem de que somente seus próprios filhos teriam acesso aos seus bens no futuro. Desde então, surgiu-se o que hoje conhecemos como monogamia e toda a história na qual já qual conhecemos. Por isso, abremos nossas cabeças. Os valores os quais herdamos não passam de bagagem social histórica. Somos educados para que moldemos nossa própria natureza instintiva e deixemos, aos poucos, nossos desejos tidos como “libertinos”, escondidos. Somos criados para reproduzir o conteúdo que nos foi ensinado. Isso não significa que, aos poucos, não consiguemos desconstruir o que durante toda a vida nos foi imposto. Será mesmo que nunca passou pela cabeça de ninguém abrir mão de um atual relacionamento para que fosse possível permitir-se ter contato com novas vivências? E se passou, quantos já não foram tomados por uma angustiante sensação de que, se fossem em busca de novas experiências poderiam acabar sozinhos? O que é hoje, sem dúvida, um dos maiores temores da humanidade. Vivemos em uma sociedade limitante, na qual querer para si mais do que todos à sua volta possuem até parece pecado. Parentes, amigos, namorada. Uma tonelada de seres capazes de fazer com que você abra mão de tudo aquilo no qual acredita e deseja para que suas próprias consciências não sejam afetadas. Ninguém quer admitir pra si que tudo poderia ser melhor. Que nós poderíamos viver cada um de nossos prazeres, se não vivêssemos em função dos mesmos, como no epicurismo, por exemplo. Por isso, cabe unicamente a nós lembrarmos a esses mesmos seres que a vida deve ser vivida sem medos ou inseguranças em relação às nossas perdas. Sair de um relacionamento monogâmico e caminhar em direção contrária não deve ser sinônimo de utopia. Tudo varia de acordo com nosso próprio ponto de vista. Se realmente acreditamos em algo, com o tempo, nos unimos a quem também partilha do mesmo ideal e, aos poucos, fazemos com que aqueles ao nosso redor passem a concordar também. No entanto, se nossas ideias não estiverem concretizadas, qualquer esforço é inútil, considerando que sequer você concorda com o que diz. Os relacionamentos múltiplos de longo prazo - RMLP’s, como comumente chamamos - diferente do que muitos acreditam, são capazes de nos abrir diversas portas, nos mostrando um mundo que até então éramos incapazes de perceber. Conhecemos novos amigos, descobrimos novos lugares, enxergamos novos pontos de vista. Esse é um sentimento que poderia - e deveria - ser compartilhado. Não é certo orgulhar-se de passar toda uma vida preso a um único relacionamento que não o faz feliz.
Por SG7 Nati
Por SG7 Nati