- 08 Fev 2011, 21:37
#192358
Como disse no Artigo anterior (http://www.puabase.com/forum/leitura-fria-t20039.html).. achei uns bons artigos sobre leitura fria e Linguagem corporal..
nesse eu vou mostrar um pouco do que achei sobre a linguagem corporal...
Linguagem Corporal
A linguagem corporal é, portanto, mais da metade da informação que distribuímos todos os dias. A maioria dos pesquisadores reconhece que o canal verbal da comunicação é usado para trocar dados, enquanto que o canal não-verbal serve para negociar atitudes interpessoais e em alguns casos é usado para substituir mensagens verbais.
De um ponto de vista técnico, quando dizemos que uma pessoa é “intuitiva” ou “perceptiva”, nos referimos à capacidade que ela tem de ler e interpretar a linguagem corporal dos indivíduos à volta dela. Mulheres são mais perceptivas que homens, muito provavelmente por que, ao se tornarem mães, terão nos primeiros momentos da vida de seu filho apenas o canal não-verbal para transmitir e receber informação: precisam estar preparadas do ponto de vista evolutivo.
Muito se tem feito para descobrir se os sinais não-verbais são universais, aprendidos, geneticamente transferidos ou adquiridos de qualquer outra maneira. As conclusões indicam que alguns gestos caem em uma categoria, outros em outras. Sorrir, levantar os ombros em dúvida e balançar a cabeça em negação, por exemplo, são gestos universais, mas o aperto de mão é bastante ocidental. E cruzar os braços, apesar de ser universal, depende de fatores genéticos: em geral, uma pessoa se sente mais confortável com braço direito sobre o esquerdo ou o esquerdo sobre o direito, mas não nas duas maneiras.
Gestos corporais, porém, não devem ser analisados isoladamente. Nas próximas partes desta série, falaremos de vários tipos de dicas e o que elas significam, mas elas não devem ser lidas fora do contexto. O mesmo gesto pode significar várias coisas diferentes. É necessário prática e astúcia para “ler a mente” de alguém com exatidão.
O corpo enfatiza a fala, mas quando alguém esconde algo, mente ou omite, suas palavras podem ser bem sucedidas, mas seu corpo, não. A linguagem corporal abre as emoções e pensamentos de alguém, para que possam ser conhecidas pelas pessoas ao redor. Se alguém está omitindo algo, sua linguagem verbal não será congruente com sua linguagem corporal e ele pode ser pego no ato por isso. Isto não deve ser visto como uma maneira de subjugar alguém, adquirir poder ou qualquer outra coisa: isto é desenvolver empatia.
Zona de Segurança
A maioria dos animais possuem um certo espaço que os cerca para chamar de seu. O tamanho do território varia, de acordo com os hábitos, fatores biológicos e densidade demográfica do local. Um leão na savana pode manter um espaço de até 50 quilômetros de raio, mas o mesmo leão, se criado em cativeiro, com certeza iria ficar contente com um espaço bem menor, de talvez alguns metros apenas.
De igual maneira nós, seres humanos, temos um território, que chamamos de zona de conforto. E ela é tão grande quanto for nossos hábitos e a densidade da região em que vivemos quando crianças. Pessoas de países densos, como o Japão, por exemplo, costumam ter uma zona de conforto menor que a de um ocidental comum, como nós brasileiros. Pessoas de regiões rurais ou de lugares mais isolados, no entanto, costuma ter uma zona de conforto maior, para que possam se sentir mais seguros.
Existem, na realidade, quatro “sub-zonas” dentro da zona de conforto. Você pode pensar nelas como “cascas” do território de segurança (vamos continuar chamando de “zonas”, pra simplificar):
zona íntima, entre 15 e 45 cm (pense no alcance do seu braço);
zona pessoal, entre 45 e 120 cm (aonde alguém se posiciona para lhe apertar a mão);
zona social, entre 120 e 360 cm;
zona pública, acima de 360 cm.
A zona íntima é aonde nós permitimos que pessoas queridas fiquem. É aonde penetramos quando abraçamos alguém, por exemplo. Há uma zona especial, dentro da zona íntima, chamada de zona íntima próxima, que é da pele até os primeiros 15 cm. É interessante observar que, quanto mais íntimos duas pessoas forem, mais próximos da zona íntima próxima eles se permitem ficar um do outro (observe a distância entre os púbis de pessoas que estão se abraçando: em amigos, ela é curta, cerca de 10 cm, mas casais costumam aproximar bastante os quadris).
Quando falamos “na zona de conforto”, porém, nos referimos, exceto se especificado o contrário, à zona íntima.
A zona pessoal é onde ficam as pessoas que você acha que pode confiar. É nesta distância que ficam as pessoas em festas, eventos de escritório, reuniões e outras situações aproximadoras. Em geral, você pode penetrar na zona pessoal de alguém somente se vocês não forem completos estranhos um para o outro.
Estranhos completos ou situações de subordinação (chefe e empregados, por exemplo) estão fadados à zona social. São pessoas que não sabemos ainda se podemos confiar. É nessa distância que estamos na rua uns dos outros. É também nesta distância que mantemos vendedores, atendentes e outros profissionais com os quais nos relacionamos, mas que não conhecemos direito.
Na zona pública fica todo o resto. Fica também nessa distância um grupo de pessoas com o qual estamos interagindo ao mesmo tempo. Oradores se mantém a esta distância do público, por exemplo. Pode-se dizer que é à esta distância que você fica da sua TV.
Aplicações Práticas
Nossa zona íntima é normalmente penetrada em três situações: alguém é seu conhecido próximo, está tentando mostrar interesse sexual ou então é um potencial agressor e estar sendo hostil. E entrar na zona íntima de alguém causa efeitos fisiológicos, como aumento dos batimentos cardíacos, emissão de descargas de adrenalina e dilatação das pupilas. Estas modificações podem não ser prazerosas e, por isso, tocar bruscamente alguém que você acabou de conhecer pode causar algum desconforto social. Portanto, vá com calma.
Quando estamos em um lugar muito cheio, aonde o contato com estranhos é inevitável, é muito interessante observar o comportamento das pessoas. Elas, em situações assim, como em cinemas, elevadores e ônibus, normalmente não falam com ninguém, nem mesmo com alguém que conhecem. Às vezes evitam até mesmo contato visual e mantém uma face limpa, sem demonstrar nenhuma emoção. Se voltam a focos pessoais e próximos, tais como o jornal que carregam ou o celular. Também evitam, em situações como essas, fazerem muitos movimentos, principalmente se o lugar estiver realmente cheio.
A polícia usa conceitos assim para interrogar criminosos, invadindo suas zonas íntimas e quebrando resistência, devido ao desconforto. Os indivíduos são sentados em uma cadeira sem apoios, no centro de uma sala praticamente vazia. Então fazem as perguntas a uma distância extremamente desconfortável, normalmente a centímetros da face do sujeito.
Quando você quiser criar intimidade com algum desconhecido, vá devagar. Se mostre aberto, não invada o espaço da pessoa de maneira brusca. Ao invés disso, vá penetrando devagar, checando por sinais de conforto ou desconforto. Use sua linguagem corporal para demonstrar que não é hostil, fazendo a pessoa perceber que você não é uma ameaça. Desta maneira, ela não poderá lher classificar como agressor, somente como alguém amigável ou, quem sabe, um parceiro sexual.
Barreiras
Quando crianças, ao nos sentirmos ameaçados, levamos as mãos ao peito e ao rosto, numa tentativa de proteger o torso. Isto é um presente evolutivo, quando discordar ou dar muita confiança a estranhos poderia nos custar a vida. Proteger o corpo com as mãos não nos impediria de sermos agredidos mas, no entanto, amenizaria os ferimentos. Adultos demonstram deste estado mental de auto-defesa quando põem objetos à frente do corpo ou quando cruzam braços ou pernas.
Uma pesquisa que foi conduzida nos Estados Unidos mostrou resultados interessantes sobre esta posição defensiva. Foi pedido a um grupo de estudantes que assistissem a uma série de aulas com o corpo relaxado, braços e pernas descruzados. A um outro grupo, foram dadas instruções para que vissem as aulas com os braços e pernas cruzados. No fim da série de aulas, cada estudante foi testado quanto à capacidade de abstrair conhecimento e informação do assunto abordado. Os resultados mostraram que o grupo “na defensiva”, de pernas e braços cruzados, foi 38% pior nos exames do que o grupo “relaxado”.
Braços Cruzados
Quando você observa braços cruzados, você deve entendê-los como uma tentativa de auto-proteção em uma situação não favorável. Na maioria dos casos, quer dizer que a pessoa está insegura, não está calma ou não concorda com alguma coisa que você disse. Ela o vê como uma ameaça em potencial.
Posturas e gestos ancoram emoções. Ancoragem é um conceito de programação neurolinguística, que talvez iremos elucidar em um futuro post, mas por hora saiba que isso quer dizer que a emoção e seu gesto associado ocorrem ao mesmo tempo. A emoção faz o gesto aparecer e o fato de o gesto permanecer faz a emoção continuar. Cessar o gesto, em geral, permite aliviar o pensamento da mente do indivíduo.
Portanto, uma maneira de fazer a pessoa “se abrir” para você seria dar a ela algo para ela segurar, forçando-a a abrir os braços. Pedir à pessoa para chegar perto para ver alguma coisa normalmente também funciona de maneira efetiva. E lembre-se que, para as pessoas o perceberem de maneira aberta e aproximável, mantenha os braços livres e relaxados!
Outras posições aonde os braços não estão realmente cruzados, mas unidos, ou se segurando de alguma maneira, na frente do corpo, também são sinais de falta de auto-confiança e um indicativo de uma situação defensiva. Segurar objetos como bolsas, taças ou copos à frente do corpo de maneira desnecessária também é um sinal de auto-defesa, como que pra barrar a aproximação de outros. Em geral, são sinais de proteção física, mas que refletem algum tipo de desconfiança, desconforto ou discordância de idéias.
Pernas Cruzadas
Assim como cruzar os braços, cruzar as pernas também é sinal de que alguma atitude negativa ou defensiva deva existir. Originalmente, o propósito de por os braços à frente do peito era de proteger o coração, costelas e as outras partes e órgãos superiores. Cruzar as pernas, porém, era uma tentativa de proteger as genitálias e outras partes inferiores do corpo.
Cruzar as pernas, porém, indica uma atitude menos negativa do que cruzar os braços, mas é uma postura muito menos óbvia. Ambas as posições ao mesmo tempo, porém, indicam uma atitude ainda mais defensiva.
Existem dois tipos de pernas cruzadas, a postura padrão, que todo mundo conhece, e a em forma de 4, que envolve descansar o tornozelo de uma perna, e não a parte traseira do joelho, como na postura padrão, na outra perna. A postura em 4 indica, além de auto-proteção, competitividade. Além de discordar de você, ele pode achar que tem uma idéia melhor, ou se ele está se protegendo, ele pode crer que possui argumentos ou força para lhe vencer. Segurar as pernas com as mãos aumentam o efeito.
Pernas cruzadas também acontecem em pé. É a famosa posição em “X”, quando a pessoa se apóia em uma perna e cruza a outra pela frente, protegendo o joelho. Tem o mesmo significado que as outras posturas defensivas de pernas. Este “X” também pode ser feito sentado, sem descansar uma perna na outra, mas cruzando-as para que um calcanhar fique na frente do outro. São todas maneiras de proteger o corpo de um possível ataque.
Abrindo Grupos
Quando se aproximar de um grupo de pessoas, fique atento para suas posições corporais. Use elas como “termômetro” para sua aceitação. Direcione a conversa com uma postura confiante e segura, com braços e pernas descruzados, se mostrando destemido. Isto fará com que se sintam mais confortáveis a se abrirem (e também abre margem para o espelhamento, um outro tópico para o futuro). Caso descruzem braços e pernas, você está indo bem, e está transmitindo conforto e segurança para os indivíduos do grupo.
Em geral, por fim, qualquer cobertura do corpo mostra sinais de proteção. Mas cuidado com falsos alarmes. As pessoas cruzam os braços para se aquecerem e cruzam as pernas quando querem ir ao banheiro. Estas são situações em que a postura varia razoavelmente, mas é só a experiência que irá mostrar qual sinal é qual.
Contato Visual
Contato visual é definido como o encontro de olhares de dois indivíduos. Nos seres humanos, assim como em outros animais, o contato visual é uma forma de linguagem não-verbal extremamente eficiente.
Acredita-se que os olhos tenham uma grande influência no comportamento social. No ocidente, manter contato visual enquanto se fala com alguém é sinal de confiança e segurança no que se diz.
Um dos grandes segredos do olhar é a pupila. Em condições de atenção ou interesse, este pequeno disco se dilata. Isto pode ocorrer com a proximidade do perigo, com o interesse em alguém do sexo oposto, com a diminuição da luz, enfim, em uma situação que exige mais atenção.
Dilatação de pupilas pode significar interesse e pessoas com pupilas dilatadas são mais atraentes. Crianças e bebês, em geral, possuem pupilas maiores que adultos, em uma tentativa de receber sempre atenção e cuidado. Encontros românticos normalmente são feitos em condições de pouca luz, para que as pupilas aumentem.
Pesquisas mostraram que, quando filmes pornográficos são mostrados para homens, suas pupilas podem dilatar até três vezes o tamanho normal. Quando os mesmos filmes são mostrados para mulheres, o aumento de pupila é ainda maior, o que gera dúvida sobre a teoria de que as mulheres são menos estimuladas visualmente do que os homens.
Pesquisas semelhantes mostraram que jogadores profissionais de poker ganham menos vezes, embora não saibam exatamente o motivo, quando seus oponentes usam óculos escuros, indicando que a observação e análise do olhar das pessoas a nossa volta é um ato muitas vezes involuntário e inconsciente.
Movimento Ocular
É apenas quando você mantém “olho no olho” com alguém que uma base pra comunicação pode ser estabelecida. Enquanto algumas pessoas conseguem nos deixar confortáveis enquanto conversamos com elas, outras parecem estranhas, nos “engolir com os olhos” ou até mesmo pouco confiáveis.
Isso tem a ver principalmente com o tempo com que os olhos permanecem em contato. Quando alguém está retendo informação ou sendo desonesto, seus olhos tendem a olhar pouco para os nossos, no máximo durante um terço do tempo.
Quando duas pessoas mantém contato ocular por mais do que dois terços do tempo, ou cada uma acha a outra interessante, o que vai estar associado com pupilas dilatadas, ou cada uma está achando a outra hostil e isto estará associado com pupilas levemente contraídas.
Michael Argyle reportou que, quando uma pessoa gosta da outra, ela a olhará bastante. A outra então olhará de volta, na tentativa de mostrar reciprocidade nos sentimentos. Em outras palavras, para construir um bom entrosamento com alguém, mire no olho durante uns 60% do tempo. Isso fará a pessoa responder positivamente.
Não é surpreendente, inclusive, que pessoas tímidas ou nervosas, que não olham muito para os olhos das outras, são raramente consideradas confiáveis. Em negociações, inclusive, evite óculos escuros, pois fazem parecer que você está olhando pras pessoas o tempo todo.
Existem alguns tipos de olhares importantes, normalmente relacionados com situações sociais, níveis de intimidade e interesses. Discutiremos o olhar de negócios, o olhar social e o olhar íntimo (todos termos traduzidos do inglês; business gaze, social gaze e intimate gaze, respectivamente).
Quando você estiver tendo discussões a nível de negócios, imagine um triângulo formado pelos olhos e testa da pessoa com quem você conversa. Este é o olhar de negócios, concentre-se em mirar nesta região do corpo e certamente a pessoa entenderá que você está sendo sério e objetivo.
Em discussões informais, como em festas e bares, o olhar social vigora. Ele é formado imaginando um triângulo com os olhos e boca da pessoa como vértices. A conversa será descontraída e descompromissada se você mirar apenas neste triângulo.
Já o olhar íntimo é feito com pessoas com quem você já tem alguma intimidade. Imagine um triângulo com os olhos e o resto do corpo da pessoa. Este é muitas vezes o olhar com o qual amantes costumam se relacionar. Com pessoas com as quais não temos intimidade, este olhar pode causar grande desconforto ou afronta.
Outra modalidade é o olhar “de canto de olho”, que indica interesse, muitas vezes sexual (associado com sobrancelhas levantadas e/ou um leve sorriso), ou então hostilidade (quando associado cantos de boca e/ou sobrancelhas abaixadas). Um olhar rápido destes, demonstrando interesse, vindo de uma mulher, pode deixar um homem louco.
Controle do Olhar
Quem nunca conheceu alguém que, para evitar contato social, piscava constantemente, até mesmo às vezes fechando totalmente os olhos por alguns segundos? São pessoas normalmente tímidas ou pouco confortáveis com a situação.
Bloqueios visuais como este podem, no entanto, serem utilizados para controlar uma situação. Objetos e mãos, por exemplo, ao serem gesticulados ao nível dos olhos de alguém podem controlar o foco de atenção desta pessoa. É por este motivo, por exemplo, que laser pointers são usados em apresentações de multimídia em todo o mundo. Gesticular rapidamente aos olhos de alguém, bloqueando momentaneamente a visão do indivíduo, pode ser usado para destruir o foco de atenção desta pessoa.
O olhar de alguém muitas vezes indica quais são os objetivos da pessoa. Antes de escolher de que maneira se portar, pense de que maneira quer que as outras pessoas percebam você e, mais importante, quais são seus reais objetivos. De igual maneira, observar como as pessoas se portam é observar o que elas querem e o que elas sentem. Esta é a base essencial para a leitura corporal.
nesse eu vou mostrar um pouco do que achei sobre a linguagem corporal...
Linguagem Corporal
A linguagem corporal é, portanto, mais da metade da informação que distribuímos todos os dias. A maioria dos pesquisadores reconhece que o canal verbal da comunicação é usado para trocar dados, enquanto que o canal não-verbal serve para negociar atitudes interpessoais e em alguns casos é usado para substituir mensagens verbais.
De um ponto de vista técnico, quando dizemos que uma pessoa é “intuitiva” ou “perceptiva”, nos referimos à capacidade que ela tem de ler e interpretar a linguagem corporal dos indivíduos à volta dela. Mulheres são mais perceptivas que homens, muito provavelmente por que, ao se tornarem mães, terão nos primeiros momentos da vida de seu filho apenas o canal não-verbal para transmitir e receber informação: precisam estar preparadas do ponto de vista evolutivo.
Muito se tem feito para descobrir se os sinais não-verbais são universais, aprendidos, geneticamente transferidos ou adquiridos de qualquer outra maneira. As conclusões indicam que alguns gestos caem em uma categoria, outros em outras. Sorrir, levantar os ombros em dúvida e balançar a cabeça em negação, por exemplo, são gestos universais, mas o aperto de mão é bastante ocidental. E cruzar os braços, apesar de ser universal, depende de fatores genéticos: em geral, uma pessoa se sente mais confortável com braço direito sobre o esquerdo ou o esquerdo sobre o direito, mas não nas duas maneiras.
Gestos corporais, porém, não devem ser analisados isoladamente. Nas próximas partes desta série, falaremos de vários tipos de dicas e o que elas significam, mas elas não devem ser lidas fora do contexto. O mesmo gesto pode significar várias coisas diferentes. É necessário prática e astúcia para “ler a mente” de alguém com exatidão.
O corpo enfatiza a fala, mas quando alguém esconde algo, mente ou omite, suas palavras podem ser bem sucedidas, mas seu corpo, não. A linguagem corporal abre as emoções e pensamentos de alguém, para que possam ser conhecidas pelas pessoas ao redor. Se alguém está omitindo algo, sua linguagem verbal não será congruente com sua linguagem corporal e ele pode ser pego no ato por isso. Isto não deve ser visto como uma maneira de subjugar alguém, adquirir poder ou qualquer outra coisa: isto é desenvolver empatia.
Zona de Segurança
A maioria dos animais possuem um certo espaço que os cerca para chamar de seu. O tamanho do território varia, de acordo com os hábitos, fatores biológicos e densidade demográfica do local. Um leão na savana pode manter um espaço de até 50 quilômetros de raio, mas o mesmo leão, se criado em cativeiro, com certeza iria ficar contente com um espaço bem menor, de talvez alguns metros apenas.
De igual maneira nós, seres humanos, temos um território, que chamamos de zona de conforto. E ela é tão grande quanto for nossos hábitos e a densidade da região em que vivemos quando crianças. Pessoas de países densos, como o Japão, por exemplo, costumam ter uma zona de conforto menor que a de um ocidental comum, como nós brasileiros. Pessoas de regiões rurais ou de lugares mais isolados, no entanto, costuma ter uma zona de conforto maior, para que possam se sentir mais seguros.
Existem, na realidade, quatro “sub-zonas” dentro da zona de conforto. Você pode pensar nelas como “cascas” do território de segurança (vamos continuar chamando de “zonas”, pra simplificar):
zona íntima, entre 15 e 45 cm (pense no alcance do seu braço);
zona pessoal, entre 45 e 120 cm (aonde alguém se posiciona para lhe apertar a mão);
zona social, entre 120 e 360 cm;
zona pública, acima de 360 cm.
A zona íntima é aonde nós permitimos que pessoas queridas fiquem. É aonde penetramos quando abraçamos alguém, por exemplo. Há uma zona especial, dentro da zona íntima, chamada de zona íntima próxima, que é da pele até os primeiros 15 cm. É interessante observar que, quanto mais íntimos duas pessoas forem, mais próximos da zona íntima próxima eles se permitem ficar um do outro (observe a distância entre os púbis de pessoas que estão se abraçando: em amigos, ela é curta, cerca de 10 cm, mas casais costumam aproximar bastante os quadris).
Quando falamos “na zona de conforto”, porém, nos referimos, exceto se especificado o contrário, à zona íntima.
A zona pessoal é onde ficam as pessoas que você acha que pode confiar. É nesta distância que ficam as pessoas em festas, eventos de escritório, reuniões e outras situações aproximadoras. Em geral, você pode penetrar na zona pessoal de alguém somente se vocês não forem completos estranhos um para o outro.
Estranhos completos ou situações de subordinação (chefe e empregados, por exemplo) estão fadados à zona social. São pessoas que não sabemos ainda se podemos confiar. É nessa distância que estamos na rua uns dos outros. É também nesta distância que mantemos vendedores, atendentes e outros profissionais com os quais nos relacionamos, mas que não conhecemos direito.
Na zona pública fica todo o resto. Fica também nessa distância um grupo de pessoas com o qual estamos interagindo ao mesmo tempo. Oradores se mantém a esta distância do público, por exemplo. Pode-se dizer que é à esta distância que você fica da sua TV.
Aplicações Práticas
Nossa zona íntima é normalmente penetrada em três situações: alguém é seu conhecido próximo, está tentando mostrar interesse sexual ou então é um potencial agressor e estar sendo hostil. E entrar na zona íntima de alguém causa efeitos fisiológicos, como aumento dos batimentos cardíacos, emissão de descargas de adrenalina e dilatação das pupilas. Estas modificações podem não ser prazerosas e, por isso, tocar bruscamente alguém que você acabou de conhecer pode causar algum desconforto social. Portanto, vá com calma.
Quando estamos em um lugar muito cheio, aonde o contato com estranhos é inevitável, é muito interessante observar o comportamento das pessoas. Elas, em situações assim, como em cinemas, elevadores e ônibus, normalmente não falam com ninguém, nem mesmo com alguém que conhecem. Às vezes evitam até mesmo contato visual e mantém uma face limpa, sem demonstrar nenhuma emoção. Se voltam a focos pessoais e próximos, tais como o jornal que carregam ou o celular. Também evitam, em situações como essas, fazerem muitos movimentos, principalmente se o lugar estiver realmente cheio.
A polícia usa conceitos assim para interrogar criminosos, invadindo suas zonas íntimas e quebrando resistência, devido ao desconforto. Os indivíduos são sentados em uma cadeira sem apoios, no centro de uma sala praticamente vazia. Então fazem as perguntas a uma distância extremamente desconfortável, normalmente a centímetros da face do sujeito.
Quando você quiser criar intimidade com algum desconhecido, vá devagar. Se mostre aberto, não invada o espaço da pessoa de maneira brusca. Ao invés disso, vá penetrando devagar, checando por sinais de conforto ou desconforto. Use sua linguagem corporal para demonstrar que não é hostil, fazendo a pessoa perceber que você não é uma ameaça. Desta maneira, ela não poderá lher classificar como agressor, somente como alguém amigável ou, quem sabe, um parceiro sexual.
Barreiras
Quando crianças, ao nos sentirmos ameaçados, levamos as mãos ao peito e ao rosto, numa tentativa de proteger o torso. Isto é um presente evolutivo, quando discordar ou dar muita confiança a estranhos poderia nos custar a vida. Proteger o corpo com as mãos não nos impediria de sermos agredidos mas, no entanto, amenizaria os ferimentos. Adultos demonstram deste estado mental de auto-defesa quando põem objetos à frente do corpo ou quando cruzam braços ou pernas.
Uma pesquisa que foi conduzida nos Estados Unidos mostrou resultados interessantes sobre esta posição defensiva. Foi pedido a um grupo de estudantes que assistissem a uma série de aulas com o corpo relaxado, braços e pernas descruzados. A um outro grupo, foram dadas instruções para que vissem as aulas com os braços e pernas cruzados. No fim da série de aulas, cada estudante foi testado quanto à capacidade de abstrair conhecimento e informação do assunto abordado. Os resultados mostraram que o grupo “na defensiva”, de pernas e braços cruzados, foi 38% pior nos exames do que o grupo “relaxado”.
Braços Cruzados
Quando você observa braços cruzados, você deve entendê-los como uma tentativa de auto-proteção em uma situação não favorável. Na maioria dos casos, quer dizer que a pessoa está insegura, não está calma ou não concorda com alguma coisa que você disse. Ela o vê como uma ameaça em potencial.
Posturas e gestos ancoram emoções. Ancoragem é um conceito de programação neurolinguística, que talvez iremos elucidar em um futuro post, mas por hora saiba que isso quer dizer que a emoção e seu gesto associado ocorrem ao mesmo tempo. A emoção faz o gesto aparecer e o fato de o gesto permanecer faz a emoção continuar. Cessar o gesto, em geral, permite aliviar o pensamento da mente do indivíduo.
Portanto, uma maneira de fazer a pessoa “se abrir” para você seria dar a ela algo para ela segurar, forçando-a a abrir os braços. Pedir à pessoa para chegar perto para ver alguma coisa normalmente também funciona de maneira efetiva. E lembre-se que, para as pessoas o perceberem de maneira aberta e aproximável, mantenha os braços livres e relaxados!
Outras posições aonde os braços não estão realmente cruzados, mas unidos, ou se segurando de alguma maneira, na frente do corpo, também são sinais de falta de auto-confiança e um indicativo de uma situação defensiva. Segurar objetos como bolsas, taças ou copos à frente do corpo de maneira desnecessária também é um sinal de auto-defesa, como que pra barrar a aproximação de outros. Em geral, são sinais de proteção física, mas que refletem algum tipo de desconfiança, desconforto ou discordância de idéias.
Pernas Cruzadas
Assim como cruzar os braços, cruzar as pernas também é sinal de que alguma atitude negativa ou defensiva deva existir. Originalmente, o propósito de por os braços à frente do peito era de proteger o coração, costelas e as outras partes e órgãos superiores. Cruzar as pernas, porém, era uma tentativa de proteger as genitálias e outras partes inferiores do corpo.
Cruzar as pernas, porém, indica uma atitude menos negativa do que cruzar os braços, mas é uma postura muito menos óbvia. Ambas as posições ao mesmo tempo, porém, indicam uma atitude ainda mais defensiva.
Existem dois tipos de pernas cruzadas, a postura padrão, que todo mundo conhece, e a em forma de 4, que envolve descansar o tornozelo de uma perna, e não a parte traseira do joelho, como na postura padrão, na outra perna. A postura em 4 indica, além de auto-proteção, competitividade. Além de discordar de você, ele pode achar que tem uma idéia melhor, ou se ele está se protegendo, ele pode crer que possui argumentos ou força para lhe vencer. Segurar as pernas com as mãos aumentam o efeito.
Pernas cruzadas também acontecem em pé. É a famosa posição em “X”, quando a pessoa se apóia em uma perna e cruza a outra pela frente, protegendo o joelho. Tem o mesmo significado que as outras posturas defensivas de pernas. Este “X” também pode ser feito sentado, sem descansar uma perna na outra, mas cruzando-as para que um calcanhar fique na frente do outro. São todas maneiras de proteger o corpo de um possível ataque.
Abrindo Grupos
Quando se aproximar de um grupo de pessoas, fique atento para suas posições corporais. Use elas como “termômetro” para sua aceitação. Direcione a conversa com uma postura confiante e segura, com braços e pernas descruzados, se mostrando destemido. Isto fará com que se sintam mais confortáveis a se abrirem (e também abre margem para o espelhamento, um outro tópico para o futuro). Caso descruzem braços e pernas, você está indo bem, e está transmitindo conforto e segurança para os indivíduos do grupo.
Em geral, por fim, qualquer cobertura do corpo mostra sinais de proteção. Mas cuidado com falsos alarmes. As pessoas cruzam os braços para se aquecerem e cruzam as pernas quando querem ir ao banheiro. Estas são situações em que a postura varia razoavelmente, mas é só a experiência que irá mostrar qual sinal é qual.
Contato Visual
Contato visual é definido como o encontro de olhares de dois indivíduos. Nos seres humanos, assim como em outros animais, o contato visual é uma forma de linguagem não-verbal extremamente eficiente.
Acredita-se que os olhos tenham uma grande influência no comportamento social. No ocidente, manter contato visual enquanto se fala com alguém é sinal de confiança e segurança no que se diz.
Um dos grandes segredos do olhar é a pupila. Em condições de atenção ou interesse, este pequeno disco se dilata. Isto pode ocorrer com a proximidade do perigo, com o interesse em alguém do sexo oposto, com a diminuição da luz, enfim, em uma situação que exige mais atenção.
Dilatação de pupilas pode significar interesse e pessoas com pupilas dilatadas são mais atraentes. Crianças e bebês, em geral, possuem pupilas maiores que adultos, em uma tentativa de receber sempre atenção e cuidado. Encontros românticos normalmente são feitos em condições de pouca luz, para que as pupilas aumentem.
Pesquisas mostraram que, quando filmes pornográficos são mostrados para homens, suas pupilas podem dilatar até três vezes o tamanho normal. Quando os mesmos filmes são mostrados para mulheres, o aumento de pupila é ainda maior, o que gera dúvida sobre a teoria de que as mulheres são menos estimuladas visualmente do que os homens.
Pesquisas semelhantes mostraram que jogadores profissionais de poker ganham menos vezes, embora não saibam exatamente o motivo, quando seus oponentes usam óculos escuros, indicando que a observação e análise do olhar das pessoas a nossa volta é um ato muitas vezes involuntário e inconsciente.
Movimento Ocular
É apenas quando você mantém “olho no olho” com alguém que uma base pra comunicação pode ser estabelecida. Enquanto algumas pessoas conseguem nos deixar confortáveis enquanto conversamos com elas, outras parecem estranhas, nos “engolir com os olhos” ou até mesmo pouco confiáveis.
Isso tem a ver principalmente com o tempo com que os olhos permanecem em contato. Quando alguém está retendo informação ou sendo desonesto, seus olhos tendem a olhar pouco para os nossos, no máximo durante um terço do tempo.
Quando duas pessoas mantém contato ocular por mais do que dois terços do tempo, ou cada uma acha a outra interessante, o que vai estar associado com pupilas dilatadas, ou cada uma está achando a outra hostil e isto estará associado com pupilas levemente contraídas.
Michael Argyle reportou que, quando uma pessoa gosta da outra, ela a olhará bastante. A outra então olhará de volta, na tentativa de mostrar reciprocidade nos sentimentos. Em outras palavras, para construir um bom entrosamento com alguém, mire no olho durante uns 60% do tempo. Isso fará a pessoa responder positivamente.
Não é surpreendente, inclusive, que pessoas tímidas ou nervosas, que não olham muito para os olhos das outras, são raramente consideradas confiáveis. Em negociações, inclusive, evite óculos escuros, pois fazem parecer que você está olhando pras pessoas o tempo todo.
Existem alguns tipos de olhares importantes, normalmente relacionados com situações sociais, níveis de intimidade e interesses. Discutiremos o olhar de negócios, o olhar social e o olhar íntimo (todos termos traduzidos do inglês; business gaze, social gaze e intimate gaze, respectivamente).
Quando você estiver tendo discussões a nível de negócios, imagine um triângulo formado pelos olhos e testa da pessoa com quem você conversa. Este é o olhar de negócios, concentre-se em mirar nesta região do corpo e certamente a pessoa entenderá que você está sendo sério e objetivo.
Em discussões informais, como em festas e bares, o olhar social vigora. Ele é formado imaginando um triângulo com os olhos e boca da pessoa como vértices. A conversa será descontraída e descompromissada se você mirar apenas neste triângulo.
Já o olhar íntimo é feito com pessoas com quem você já tem alguma intimidade. Imagine um triângulo com os olhos e o resto do corpo da pessoa. Este é muitas vezes o olhar com o qual amantes costumam se relacionar. Com pessoas com as quais não temos intimidade, este olhar pode causar grande desconforto ou afronta.
Outra modalidade é o olhar “de canto de olho”, que indica interesse, muitas vezes sexual (associado com sobrancelhas levantadas e/ou um leve sorriso), ou então hostilidade (quando associado cantos de boca e/ou sobrancelhas abaixadas). Um olhar rápido destes, demonstrando interesse, vindo de uma mulher, pode deixar um homem louco.
Controle do Olhar
Quem nunca conheceu alguém que, para evitar contato social, piscava constantemente, até mesmo às vezes fechando totalmente os olhos por alguns segundos? São pessoas normalmente tímidas ou pouco confortáveis com a situação.
Bloqueios visuais como este podem, no entanto, serem utilizados para controlar uma situação. Objetos e mãos, por exemplo, ao serem gesticulados ao nível dos olhos de alguém podem controlar o foco de atenção desta pessoa. É por este motivo, por exemplo, que laser pointers são usados em apresentações de multimídia em todo o mundo. Gesticular rapidamente aos olhos de alguém, bloqueando momentaneamente a visão do indivíduo, pode ser usado para destruir o foco de atenção desta pessoa.
O olhar de alguém muitas vezes indica quais são os objetivos da pessoa. Antes de escolher de que maneira se portar, pense de que maneira quer que as outras pessoas percebam você e, mais importante, quais são seus reais objetivos. De igual maneira, observar como as pessoas se portam é observar o que elas querem e o que elas sentem. Esta é a base essencial para a leitura corporal.