- 26 Mai 2011, 23:13
#266731
HISTÓRIAS DE PATRUL RINPOCHE
I - Aperfeiçoando a Paciência
Nem todos os praticantes budistas dedicados são monges em mosteiros. Há uma grande tradição de iogues tibetanos que vivem como eremitas, meditando e orando solitários. Outros erram livres e desapegados, anacoretas sem status social ou posses, aparentando serem meros mendigos ou vagabundos, mas na verdade estando mais próximos dos místicos loucos sagrados dos tempos ancestrais, os siddhas da Índia.
Dza Patrul Rinpoche foi o maior mestre Dzogchen (Grande Perfeição) da virada do século. Famoso como professor, poeta e autor, viajou pelo Tibete oriental completamente anônimo, vestindo um traje nômade feito a mão de pele de ovelha. Poucos reconheciam este reverenciado lama ao qual todos queriam conhecer.
Patrul Rinpoche era conhecido pelo seu rude estilo de vida, comportamento iconoclástico e aparência despretensiosa, bem como por sua imensa erudição e realização espiritual. Profundamente preocupado em manter os praticantes focados na essência da espiritualidade em contraponto as meras convenções formais, ele nunca hesitou em denunciar a pretensão e a hipocrisia/
Um século atrás, o iluminado vagabundo Patrul Rinpoche estava divagando como um mendicante anônimo quando ficou sabendo de um famoso eremita que vivia a muito tempo em reclusão. Patrul foi visitá-lo, entrando na escura caverna do monge sem ser convidado e espiando por todos os lados com um sorriso irônico em seu rosto castigado.
"Quem és?" perguntou o eremita. "De onde viestes, para onde vais?"
"Venho da direção atrás das minhas costas e vou na direção que está a minha frente," respondeu Patrul.
O eremita ficou perplexo. "Onde nascestes?"
"Na terra," foi a resposta.
O eremita ficou um pouco agitado. "Como é teu nome?" ele exigiu. "Iogue Além da Ação," respondeu o convidado inesperado.
Então Patrul Rinpoche inocentemente perguntou porque o eremita vivia em um lugar tão remoto. Era uma questão que o eremita, com algum orgulho, estava preparado para responder.
"Estou aqui há vinte anos. Tenho meditando na Perfeição da Paciência transcendental."
"Essa é boa!" disse o visitante anônimo. Então, chegando mais perto, como se para dizer um segredo, Patrul sussurrou, "Duas fraudes como nós nunca conseguiriam fazer uma coisa dessas!"
O irado eremita levantou rápido de seu assento. "Quem tu pensas que és, perturbando meu retiro assim? Que te fez vir aqui? Porque não podias deixar um humilde praticante como eu meditando em paz?!" ele explodiu.
"E agora, amigo," disse calmamente Patrul, "onde está sua perfeita paciência?"
--------
(tradução: padma dorje)
HISTÓRIAS DE PATRUL RINPOCHE
I - Aperfeiçoando a Paciência
Nem todos os praticantes budistas dedicados são monges em mosteiros. Há uma grande tradição de iogues tibetanos que vivem como eremitas, meditando e orando solitários. Outros erram livres e desapegados, anacoretas sem status social ou posses, aparentando serem meros mendigos ou vagabundos, mas na verdade estando mais próximos dos místicos loucos sagrados dos tempos ancestrais, os siddhas da Índia.
Dza Patrul Rinpoche foi o maior mestre Dzogchen (Grande Perfeição) da virada do século. Famoso como professor, poeta e autor, viajou pelo Tibete oriental completamente anônimo, vestindo um traje nômade feito a mão de pele de ovelha. Poucos reconheciam este reverenciado lama ao qual todos queriam conhecer.
Patrul Rinpoche era conhecido pelo seu rude estilo de vida, comportamento iconoclástico e aparência despretensiosa, bem como por sua imensa erudição e realização espiritual. Profundamente preocupado em manter os praticantes focados na essência da espiritualidade em contraponto as meras convenções formais, ele nunca hesitou em denunciar a pretensão e a hipocrisia/
Um século atrás, o iluminado vagabundo Patrul Rinpoche estava divagando como um mendicante anônimo quando ficou sabendo de um famoso eremita que vivia a muito tempo em reclusão. Patrul foi visitá-lo, entrando na escura caverna do monge sem ser convidado e espiando por todos os lados com um sorriso irônico em seu rosto castigado.
"Quem és?" perguntou o eremita. "De onde viestes, para onde vais?"
"Venho da direção atrás das minhas costas e vou na direção que está a minha frente," respondeu Patrul.
O eremita ficou perplexo. "Onde nascestes?"
"Na terra," foi a resposta.
O eremita ficou um pouco agitado. "Como é teu nome?" ele exigiu. "Iogue Além da Ação," respondeu o convidado inesperado.
Então Patrul Rinpoche inocentemente perguntou porque o eremita vivia em um lugar tão remoto. Era uma questão que o eremita, com algum orgulho, estava preparado para responder.
"Estou aqui há vinte anos. Tenho meditando na Perfeição da Paciência transcendental."
"Essa é boa!" disse o visitante anônimo. Então, chegando mais perto, como se para dizer um segredo, Patrul sussurrou, "Duas fraudes como nós nunca conseguiriam fazer uma coisa dessas!"
O irado eremita levantou rápido de seu assento. "Quem tu pensas que és, perturbando meu retiro assim? Que te fez vir aqui? Porque não podias deixar um humilde praticante como eu meditando em paz?!" ele explodiu.
"E agora, amigo," disse calmamente Patrul, "onde está sua perfeita paciência?"
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(tradução: padma dorje)