- 31 Dez 2011, 02:59
#495178
Aqui vai um artigo que, Contém boas tecnicas de conversação para evitar discurssões em varias areas da vida seja relacionamento ou profissional, amogs ou até driblar Shit-Tests.
Autodefesa Verbal
Introdução
Muita gente pensa que autodefesa verbal significa retaliar. Sua imagem da autodefesa verbal é uma coleção de respostas inteligentes e estratégias retóricas que derrotam os seus oponentes. Esta não é a imagem correta.
Neste artigo, veremos um modo diferente de se relacionar, especialmente quando você discorda. Vamos conversar um pouco sobre isso.
Por que a autodefesa verbal é uma habilidade necessária
Certamente esta situação já aconteceu com você. No meio de uma discussão feroz com alguém, você percebe que não está mais preocupado com a origem da discussão e não consegue nem entender como você entrou nela!
Isto não é trivial. A linguagem hostil é perigosa à sua saúde e bem-estar - é tóxica. Pessoas freqüentemente expostas à linguagem hostil adoecem mais vezes, são prejudicadas mais vezes, levam mais tempo para recuperar-se de doenças e sofrem mais complicações durante a recuperação. Como resultado óbvio, tendem a morrer mais cedo. Além disso, a linguagem hostil é tão perigosa à pessoa que a usa (e curiosos inocentes que não conseguem deixar a cena) como à pessoa que recebe.
Obviamente, você tenta ficar fora de discussões tanto na sua vida pessoal como na sua vida profissional, a menos que algo realmente importante - algo com que você se preocupa a fundo - esteja em jogo. Ainda assim, a maioria das pessoas percebe que é possível evitar que discussões intensas se tornem brigas. Como é que tanta gente inteligente continua se envolvendo em discussões então?
A resposta é bastante simples e é herança do tempo em que lutávamos com tigres dentes-de-sabre cotidianamente. Uma das partes do seu cérebro (a amídala) está constantemente em funcionamento e uma das suas principais tarefas é perceber o perigo. Quando ela encontra algo que identifica como característica de perigo, envia uma mensagem que provoca reação de lutar-ou-correr imediata e pode fazer isto sem atravessar a parte racional do seu cérebro. Ela literalmente põe seus pensamentos em curto-circuito. Nos tempos das cavernas, isto era uma coisa boa. Você via algo vagamente grande e peludo e corria ou jogava sua lança. Você agia primeiro e depois pensava, o que aumentava muito as suas chances de sobrevivência.
Brasileiro em campo de futebol
O brasileiro tem o hábito de xingar a mãe do juíz com palavrões, obscenidades etc, no futebol.
Esta parte do seu cérebro ainda pode ser uma coisa boa nas raras ocasiões em que você realmente enfrenta um perigo súbito que ameaça a sua vida, como tufões, terroristas ou atiradores loucos. O problema é que provavelmente esta mesma parte do cérebro írá reagir quando a ameaça for apenas uma pessoa boba que quer discutir se o computador dele é melhor que o seu. Se a amídala achar que essa pessoa é uma ameaça , ela contorna a parte racional do seu cérebro. E logo você vai estar pensando , "eu não estou NEM AÍ se o meu computador tem mais memória do que o computador desta MULA! Como é que entrei NISSO? E como é que SAIO disso pra poder continuar o meu dia?" Isto pode acontecer com qualquer pessoa de vez em quando; todos nós perdemos a noção às vezes. Mas se acontece muitas vezes, é uma grave ameaça ao seu bem-estar. É muito mais perigoso para você do que a maior parte das coisas em que você gasta tempo e dinheiro para tentar se proteger. Você tem de saber como pôr fim neste absurdo.
Informações básicas sobre autodefesa verbal
A autodefesa verbal possui três componentes:
* entender o que realmente está acontecendo;
* escutar em vez de chegar a conclusões precipitadas;
* saber como responder.
Entender o que realmente está acontecendo
Antes de tudo, você tem que educar a sua amídala. Quando alguém o aborda com uma linguagem hostil, a sua amídala costuma dizer: "PERIGO! ALERTA VERMELHO!". Você tem de ser capaz de modificar os critérios que a sua amídala tem para definir uma ameaça.
Suponha que uma criança de dois anos corra em sua direção gritando "VOCÊ É MALVADO! Eu não GOSTO de você!" e comece a dar socos nos seus joelhos com seus punhos minúsculos. A sua amídala não presta a menor atenção. Você sabe que a criança não é nenhuma ameaça. Você entende o que causa tais episódios e sabe que não se entra em uma briga com uma criança. A chave aqui é que você entende o que está acontecendo e isto o permite ser racional.
Com agressores verbais, o problema é que normalmente não entendemos o que está acontecendo. A idéia dominante sobre tais pessoas é que a sua meta em atacar você verbalmente é prejudicá-lo, causar-lhe dor, dano - e isto com certeza é percebido pela amídala como perigo. Contudo, a idéia está toda errada.
Qualquer pessoa pode atacar verbalmente de vez em quando. Você está muito cansado, teve um dia horrível, está ficando doente, alguém diz algumas palavras inócuas para você e você perde a cabeça. Mas agressores verbais crônicos - aqueles que deixam todo o mundo à sua volta tumultuado o tempo todo, aqueles que as pessoas preferem correr ao banheiro para evitar encontrar, esses são diferentes. Claro, eles poderiam ser sádicos psicóticos que querem te bater, mas isto não é provável (e se eles forem, haverá outras pistas, como o fato de que eles estão com os olhos vermelhos de raiva e prontos para te agredir). Quase sempre, os agressores verbais crônicos se comportam dessa maneira por uma destas razões:
1. uma pequena porcentagem é simplesmente de pessoas bobas. Elas são ignorantes, não sabem nenhum outro modo de se comunicar com outros seres humanos. Tudo que elas precisam é educação;
2. os demais são pessoas desesperadas por atenção, que pensam que a conseguirão com linguagem hostil.
Em ambos os casos, uma vez que você entende o que realmente está acontecendo, a sua reação com essas pessoas não será mais alerta, mas de compaixão. Como "Coitadinho, desesperado para se comunicar e isto é o melhor que ele/ela pode fazer". Ou "Coitadinho, desesperado por atenção e isto e isto é o melhor ele/ela pode fazer". Você pode não gostar do atacante e achar que seu comportamento é inaceitável, mas você não terá nenhum interesse em discutir.
Brasileiro xinga brasileiro
Brasileiro xinga brasileiro de negro, preto, pobre e outras palavras discriminatórias para se defender.
Escute em vez de chegar a conclusões precipitadas
Há muito tempo, o psicólogo George Miller disse algo tão importante que deveria ser chamada Lei de Miller. Ele disse "para entender o que outra pessoa está dizendo, você deve presumir que é verdade e tentar descobrir como essa verdade funciona", ou seja, quando alguém diz: "Ei! A minha torradeira fala comigo!", a sua resposta natural é um "Oh? O que a sua torradeira diz?" seguido de muita atenção para escutar a resposta. Você está aceitando como verdadeira a afirmação que a torradeira da pessoa conversa com ele ou ela. Você está presumindo temporariamente que é verdade e logo você está escutando cuidadosamente para descobrir como a afirmação pode ser verdade.
Mas a maioria de nós usa o que podia ser chamado Lei de Miller invertida. Ouvimos alguém dizer algo e reagimos negativamente; imediatamente assumimos que a declaração é falsa; deixamos de escutar porque estamos ocupados dizendo a nós mesmos o que está errado com a pessoa que explica por que eles diriam algo inaceitável para nós. Chegamos a conclusões precipitadas. Pensamos coisas como:
* "ele só está dizendo isto porque ele é sem educação/louco/bêbado/velho/sádico/esnobe";
* "ela só está dizendo isto porque.... ela é cabeça-oca/maldosa/drogada/totalmente confusa/quer me encher o saco";
* "eles só estão dizendo isto porque... sou baixinho/pessoas como eles não tem modos/eu não tenho dinheiro pra comprar um terno decente/eles não gostam de mim".
Quando fazemos isto, paramos de escutar. Você não pode escutar alguém falando e a sua própria conversa ao mesmo tempo. Isso é neurofisiologicamente impossível. E o que acontece depois? Na maioria das vezes, acontece uma briga. Como esta:
X: "Ei! A minha torradeira fala comigo!"
VOCÊ: "Olhe, não tenho tempo pra esse tipo de besteira! Tenho coisas para fazer!"
X: "Então o MEU trabalho não é tão importante quanto o seu?"
VOCÊ: "Eu não disse isso."
X: "Ah, sim, você disse!"
VOCÊ: "Não disse! Eu só disse..."
E assim por diante; as coisas só tendem a piorar.
Algumas pessoas dizem que não têm tempo para escutar, que são muito ocupadas, mas seguramente passam muito mais tempo resolvendo os problemas resultantes da falta de escutar as pessoas. Dê à quem fala a sua completa atenção até que entenda realmente o que está sendo dito e por que. Mesmo se quem fala é uma criança. Especialmente se é uma criança.
Saber como responder
A nossa cultura ensina três maneiras de se responder a um ataque verbal:
1. atacar também - "Como você OUSA me dizer isto!"
2. suplicar - "Não posso ACREDITAR que você vai começar com isto de novo quando você SABE quanto trabalho eu tenho de fazer hoje!"
3. debater - "Há três razões pelas quais o que você diz é ridículo. Primeiro..."
As três maneiras são um erro estratégico, pois todas recompensam o atacante fornecendo a sua atenção imediata, muitas vezes com uma reação emocional que aumenta a intensidade daquela atenção. O que você faz quando usa essas respostas tradicionais é estimular o agressor a fazê-lo novamente. Afinal de contas, funcionou.
O que você precisa é de uma resposta que avise ao agressor que você não será a vítima à disposição. Abandonar a cena não adianta; se você fugir, deixará claro para os atacantes que eles "irritaram" - eles ficarão ansiosos para tentar novamente. Ignorar os agressores não adianta também. Em nossa cultura, o silêncio é punição: somente outro tipo de contra-ataque. Como sair dizendo: "Você me irritou. Você sabe como me estressar".
Brasileiro se defende
Brasileiro se defende dos xingamentos com palavras iguais ou piores das que ouviu: preto, pobre, babaca, idiota etc.
O sistema de autodefesa verbal inclui uma grande quantidade de técnicas que que não cabem neste artigo. Mas veremos dois exemplos aqui. A sua meta é responder à linguagem hostil de uma forma que não o coloca como uma vítima, não recompensa o agressor, não necessita que você sacrifique os seus princípios ou dignidade e não causa nenhuma perda em ambos os lados. Por exemplo...
A resposta barroca entediante
Uma técnica rápida e fácil de aprender que pode ser usada em muitas situações é a Resposta Barroca Entediante (RBE). Suponha que você tem de tratar com alguém que sempre fala com você com ataques hostis como "POR QUE você não pode ALGUMA VEZ fazer a SUA parte do trabalho por aqui?", "POR QUE você come TANTA comida que NÃO PRESTA?" e "POR QUE você não deixa de se VESTIR como um NERD?"
O que o seu agressor quer é uma interação que seria mais ou menos assim:
X: "POR QUE você come TANTA comida que NÃO PRESTA??"
VOCÊ: "COMO É QUE É? Não como muita comida que não presta!"
X: "Oh, NÃO? Que tal aquela ROSQUINHA que vi você comer há dez minutos?"
VOCÊ: "Escute, não tive tempo para tomar café da manhã! Eu PRECISAVA daquela rosquinha!"
X: "Oh, SIM? E aquela PIZZA que você pediu ontem a tarde..."
E assim por diante…
Isto dá ao seu agressor a possibilidade de passar por uma grande lista de reclamações sobre o modo que você come e demonstrar o quanto ele te irrita. Mesmo se você sai disso pensando que você "ganhou a briga", você perdeu, porque o ataque foi feito e o agressor conseguiu o que ele ou ela queria. Pessoas como o seu atacante são como criancinhas que preferem ser punidas a ignoradas: se o único modo pelo qual eles conseguem a sua total atenção é pela sua atenção negativa, eles se contentam com isso.
Em vez de cair nessa tática, use uma Resposta Barroca Entediante. O agressor chegou em você com "POR QUE você come TANTA comida que NÃO PRESTA?" E eis o que você deve dizer, enquanto olha não para o atacante, mas para o espaço, como se estivesse em pensamentos profundos:
"- Sabe, acho que é por causa de algo que me aconteceu quando eu era apenas uma criança. Vivíamos em Detroit naquela época e... Não, espere um minuto! Pode não ter sido Detroit, deve ter sido quando morávamos em Indianápolis, porque foi o verão que minha tia Grace veio visitar a gente e trouxe o seu cachorro. Você sabe aqueles cachorrinhos engraçadinhos com orelhas grandes e penduradas? Bem, este cão..."
E assim por diante, leve o tempo que for necessário.
Uma resposta como esta passa a seguinte mensagem: "Eu sei que você está aqui para começar uma briga. Faça isto se quiser, mas não vai ser divertido para você , porque não entrarei no seu jogo". Escutar uma RBE é extremamente entediante. O resultado mais comum é que quando você chegar na parte sobre o cão de sua tia, o agressor já vai estar dizendo: "Ah, não importa!", e vai embora, fazendo uma nota mental de que você não é divertido como vítima e não deve ser escolhido para esse papel no futuro.
Quando o ataque vem na forma de uma afirmação em vez de uma pergunta, como "TUDO QUE VOCÊ FAZ é se entupir de comida que NÃO PRESTA!!", somente comece com: "Sabe, ouvindo você dizer isto me lembra de algo que aconteceu quando eu era apenas uma criança...", e assim por diante. Se você precisar de uma versão mais inteligente, diga que isso lembra "um artigo que li outro dia no New York Times. Mas, espere um minuto... Não pode ter sido no New York Times. Deve ter sido no Washington Post, porque esse é aquele que vem Quinta-feira e Eileen sempre compra antes que qualquer um e..." O RBE é também o melhor modo de tratar com perguntas que não dizem respeito aos outros e comentários de estranhos. Como: "Oh, que bebê fofinho! Parece chinês! (Ou espanhol. Ou algo assim. A intenção do ponto estranho é que tanto faz com o que o bebê se parece, ele só não compartilha da sua herança étnica). Onde você ARRANJOU isso?" Lembre-se de uma coisa: você tem de fazer o RBE direito. Se soar sarcástico ou ou protetor ou hostil, vira um contra-ataque e não vai funcionar.
O modo de computador
A linguagem hostil quase sempre tem duas características:
1. muito vocabulário e muitos comentários pessoais;
2. muita ênfase em palavras e partes de palavras.
Responder da mesma forma é como jogar gasolina no fogo. Este tipo de atitude dá ao seu agressor todo o necessário para alimentar a briga e fazê-la piorar. Há um modo muito diferente de falar, que é o Modo de Computador. Para usar o Modo de Computador, você evita a informações pessoais. Você fala em chavões, generalidades e hipóteses e mantém a sua linguagem corporal, inclusive o tom das suas palavras é neutro e controlado. O Modo de Computador neutraliza ataques verbais porque ele não dá ao agressor o que ele ou ela quer e não fornece combustível para que a briga continue. Não há nada mais seguro.
Suponha que alguém o aborde com um ataque como "POR QUE não consigo encontrar NADA nesse lugar? Você ESCONDE AS COISAS só pra encher o saco". Não caia nesta armadilha. Não comece a falar que você não esconde as coisas; não comece a explicar o seu sistema para pôr coisas nos seus lugares; não comece a gritar que o agressor é que coloca tudo no lugar errado ou é tão burro que não é capaz de encontrar nada; não grite "Saia DAQUI, seu imbecil!" Todas essas respostas recompensam o agressor e fazem de você uma vítima que participa do jogo dele. É melhor dizer algo como:
* "pessoas ficam irritadas quando não conseguem encontrar as coisas";
* "é muito irritante não ser capaz de encontrar coisas";
* "coisas fora do lugar (ou livros ou provisões ou seja lá o que for) causam problemas no ambiente de trabalho (em casa ou na clínica ou seja lá onde for)";
* "nada é mais cansativo do que ter de procurar coisas".
Não importa quantas vezes o agressor continue a falar com você usando linguagem hostil, continue respondendo só com outra resposta do Modo de Computador. Se a estratégia hostil sempre funcionou no passado, pode demorar um pouco para o agressor perceber que não vai funcionar dessa vez. Conseqüentemente, o o agressor desistirá e irá embora - e novamente, fará uma nota mental de que você não é divertido como vítima e não deve ser escolhido para esse papel no futuro.
Você ficaria impressionado quantas brigas em potencial podem ser evitadas logo no início com uma resposta dessas. O agressor faz o primeiro movimento hostil e a resposta é solene: "Você não pode saber que caminho o trem fez só olhando os trilhos". Muitas, muitas vezes, a próxima fala do pobre agressor é: "nunca pensei nisso dessa forma". Quase sempre, a briga termina naquele momento, com uma impressionante economia de tempo e energia para todos e muito menos poluição de linguagem.
Avançando
Em cada situação de linguagem hostil há uma grande variedade de respostas à sua disposição, da raiva ao silêncio. Respostas diferentes têm conseqüências diferentes. As conseqüências das respostas conduzidas pela amídala ou das respostas tradicionais de contra-ataque, defesa e debate são raramente satisfatórias. As conseqüências da exposição crônica à retórica hostil literalmente ameaça a sua vida e as vidas de todos envolvidos nisso. Você não tem de seguir esse caminho. Use a autodefesa verbal.
Sobre a autora
Suzette Haden Elgin, Ph.D., é perita em psicolingüística aplicada e fundadora do Centro de Estudos de Língua de Ozak (OCLS). O OCLS oferece uma linha completa de produtos e serviços de autodefesa verbais. É autora da série Gentle Art of Verbal Self-Defense, incluindo: How to disagree without being disagreeable, You can´t say that to me! e mais de uma dúzia de outros livros e programas de áudio.
abraços
Autodefesa Verbal
Introdução
Muita gente pensa que autodefesa verbal significa retaliar. Sua imagem da autodefesa verbal é uma coleção de respostas inteligentes e estratégias retóricas que derrotam os seus oponentes. Esta não é a imagem correta.
Neste artigo, veremos um modo diferente de se relacionar, especialmente quando você discorda. Vamos conversar um pouco sobre isso.
Por que a autodefesa verbal é uma habilidade necessária
Certamente esta situação já aconteceu com você. No meio de uma discussão feroz com alguém, você percebe que não está mais preocupado com a origem da discussão e não consegue nem entender como você entrou nela!
Isto não é trivial. A linguagem hostil é perigosa à sua saúde e bem-estar - é tóxica. Pessoas freqüentemente expostas à linguagem hostil adoecem mais vezes, são prejudicadas mais vezes, levam mais tempo para recuperar-se de doenças e sofrem mais complicações durante a recuperação. Como resultado óbvio, tendem a morrer mais cedo. Além disso, a linguagem hostil é tão perigosa à pessoa que a usa (e curiosos inocentes que não conseguem deixar a cena) como à pessoa que recebe.
Obviamente, você tenta ficar fora de discussões tanto na sua vida pessoal como na sua vida profissional, a menos que algo realmente importante - algo com que você se preocupa a fundo - esteja em jogo. Ainda assim, a maioria das pessoas percebe que é possível evitar que discussões intensas se tornem brigas. Como é que tanta gente inteligente continua se envolvendo em discussões então?
A resposta é bastante simples e é herança do tempo em que lutávamos com tigres dentes-de-sabre cotidianamente. Uma das partes do seu cérebro (a amídala) está constantemente em funcionamento e uma das suas principais tarefas é perceber o perigo. Quando ela encontra algo que identifica como característica de perigo, envia uma mensagem que provoca reação de lutar-ou-correr imediata e pode fazer isto sem atravessar a parte racional do seu cérebro. Ela literalmente põe seus pensamentos em curto-circuito. Nos tempos das cavernas, isto era uma coisa boa. Você via algo vagamente grande e peludo e corria ou jogava sua lança. Você agia primeiro e depois pensava, o que aumentava muito as suas chances de sobrevivência.
Brasileiro em campo de futebol
O brasileiro tem o hábito de xingar a mãe do juíz com palavrões, obscenidades etc, no futebol.
Esta parte do seu cérebro ainda pode ser uma coisa boa nas raras ocasiões em que você realmente enfrenta um perigo súbito que ameaça a sua vida, como tufões, terroristas ou atiradores loucos. O problema é que provavelmente esta mesma parte do cérebro írá reagir quando a ameaça for apenas uma pessoa boba que quer discutir se o computador dele é melhor que o seu. Se a amídala achar que essa pessoa é uma ameaça , ela contorna a parte racional do seu cérebro. E logo você vai estar pensando , "eu não estou NEM AÍ se o meu computador tem mais memória do que o computador desta MULA! Como é que entrei NISSO? E como é que SAIO disso pra poder continuar o meu dia?" Isto pode acontecer com qualquer pessoa de vez em quando; todos nós perdemos a noção às vezes. Mas se acontece muitas vezes, é uma grave ameaça ao seu bem-estar. É muito mais perigoso para você do que a maior parte das coisas em que você gasta tempo e dinheiro para tentar se proteger. Você tem de saber como pôr fim neste absurdo.
Informações básicas sobre autodefesa verbal
A autodefesa verbal possui três componentes:
* entender o que realmente está acontecendo;
* escutar em vez de chegar a conclusões precipitadas;
* saber como responder.
Entender o que realmente está acontecendo
Antes de tudo, você tem que educar a sua amídala. Quando alguém o aborda com uma linguagem hostil, a sua amídala costuma dizer: "PERIGO! ALERTA VERMELHO!". Você tem de ser capaz de modificar os critérios que a sua amídala tem para definir uma ameaça.
Suponha que uma criança de dois anos corra em sua direção gritando "VOCÊ É MALVADO! Eu não GOSTO de você!" e comece a dar socos nos seus joelhos com seus punhos minúsculos. A sua amídala não presta a menor atenção. Você sabe que a criança não é nenhuma ameaça. Você entende o que causa tais episódios e sabe que não se entra em uma briga com uma criança. A chave aqui é que você entende o que está acontecendo e isto o permite ser racional.
Com agressores verbais, o problema é que normalmente não entendemos o que está acontecendo. A idéia dominante sobre tais pessoas é que a sua meta em atacar você verbalmente é prejudicá-lo, causar-lhe dor, dano - e isto com certeza é percebido pela amídala como perigo. Contudo, a idéia está toda errada.
Qualquer pessoa pode atacar verbalmente de vez em quando. Você está muito cansado, teve um dia horrível, está ficando doente, alguém diz algumas palavras inócuas para você e você perde a cabeça. Mas agressores verbais crônicos - aqueles que deixam todo o mundo à sua volta tumultuado o tempo todo, aqueles que as pessoas preferem correr ao banheiro para evitar encontrar, esses são diferentes. Claro, eles poderiam ser sádicos psicóticos que querem te bater, mas isto não é provável (e se eles forem, haverá outras pistas, como o fato de que eles estão com os olhos vermelhos de raiva e prontos para te agredir). Quase sempre, os agressores verbais crônicos se comportam dessa maneira por uma destas razões:
1. uma pequena porcentagem é simplesmente de pessoas bobas. Elas são ignorantes, não sabem nenhum outro modo de se comunicar com outros seres humanos. Tudo que elas precisam é educação;
2. os demais são pessoas desesperadas por atenção, que pensam que a conseguirão com linguagem hostil.
Em ambos os casos, uma vez que você entende o que realmente está acontecendo, a sua reação com essas pessoas não será mais alerta, mas de compaixão. Como "Coitadinho, desesperado para se comunicar e isto é o melhor que ele/ela pode fazer". Ou "Coitadinho, desesperado por atenção e isto e isto é o melhor ele/ela pode fazer". Você pode não gostar do atacante e achar que seu comportamento é inaceitável, mas você não terá nenhum interesse em discutir.
Brasileiro xinga brasileiro
Brasileiro xinga brasileiro de negro, preto, pobre e outras palavras discriminatórias para se defender.
Escute em vez de chegar a conclusões precipitadas
Há muito tempo, o psicólogo George Miller disse algo tão importante que deveria ser chamada Lei de Miller. Ele disse "para entender o que outra pessoa está dizendo, você deve presumir que é verdade e tentar descobrir como essa verdade funciona", ou seja, quando alguém diz: "Ei! A minha torradeira fala comigo!", a sua resposta natural é um "Oh? O que a sua torradeira diz?" seguido de muita atenção para escutar a resposta. Você está aceitando como verdadeira a afirmação que a torradeira da pessoa conversa com ele ou ela. Você está presumindo temporariamente que é verdade e logo você está escutando cuidadosamente para descobrir como a afirmação pode ser verdade.
Mas a maioria de nós usa o que podia ser chamado Lei de Miller invertida. Ouvimos alguém dizer algo e reagimos negativamente; imediatamente assumimos que a declaração é falsa; deixamos de escutar porque estamos ocupados dizendo a nós mesmos o que está errado com a pessoa que explica por que eles diriam algo inaceitável para nós. Chegamos a conclusões precipitadas. Pensamos coisas como:
* "ele só está dizendo isto porque ele é sem educação/louco/bêbado/velho/sádico/esnobe";
* "ela só está dizendo isto porque.... ela é cabeça-oca/maldosa/drogada/totalmente confusa/quer me encher o saco";
* "eles só estão dizendo isto porque... sou baixinho/pessoas como eles não tem modos/eu não tenho dinheiro pra comprar um terno decente/eles não gostam de mim".
Quando fazemos isto, paramos de escutar. Você não pode escutar alguém falando e a sua própria conversa ao mesmo tempo. Isso é neurofisiologicamente impossível. E o que acontece depois? Na maioria das vezes, acontece uma briga. Como esta:
X: "Ei! A minha torradeira fala comigo!"
VOCÊ: "Olhe, não tenho tempo pra esse tipo de besteira! Tenho coisas para fazer!"
X: "Então o MEU trabalho não é tão importante quanto o seu?"
VOCÊ: "Eu não disse isso."
X: "Ah, sim, você disse!"
VOCÊ: "Não disse! Eu só disse..."
E assim por diante; as coisas só tendem a piorar.
Algumas pessoas dizem que não têm tempo para escutar, que são muito ocupadas, mas seguramente passam muito mais tempo resolvendo os problemas resultantes da falta de escutar as pessoas. Dê à quem fala a sua completa atenção até que entenda realmente o que está sendo dito e por que. Mesmo se quem fala é uma criança. Especialmente se é uma criança.
Saber como responder
A nossa cultura ensina três maneiras de se responder a um ataque verbal:
1. atacar também - "Como você OUSA me dizer isto!"
2. suplicar - "Não posso ACREDITAR que você vai começar com isto de novo quando você SABE quanto trabalho eu tenho de fazer hoje!"
3. debater - "Há três razões pelas quais o que você diz é ridículo. Primeiro..."
As três maneiras são um erro estratégico, pois todas recompensam o atacante fornecendo a sua atenção imediata, muitas vezes com uma reação emocional que aumenta a intensidade daquela atenção. O que você faz quando usa essas respostas tradicionais é estimular o agressor a fazê-lo novamente. Afinal de contas, funcionou.
O que você precisa é de uma resposta que avise ao agressor que você não será a vítima à disposição. Abandonar a cena não adianta; se você fugir, deixará claro para os atacantes que eles "irritaram" - eles ficarão ansiosos para tentar novamente. Ignorar os agressores não adianta também. Em nossa cultura, o silêncio é punição: somente outro tipo de contra-ataque. Como sair dizendo: "Você me irritou. Você sabe como me estressar".
Brasileiro se defende
Brasileiro se defende dos xingamentos com palavras iguais ou piores das que ouviu: preto, pobre, babaca, idiota etc.
O sistema de autodefesa verbal inclui uma grande quantidade de técnicas que que não cabem neste artigo. Mas veremos dois exemplos aqui. A sua meta é responder à linguagem hostil de uma forma que não o coloca como uma vítima, não recompensa o agressor, não necessita que você sacrifique os seus princípios ou dignidade e não causa nenhuma perda em ambos os lados. Por exemplo...
A resposta barroca entediante
Uma técnica rápida e fácil de aprender que pode ser usada em muitas situações é a Resposta Barroca Entediante (RBE). Suponha que você tem de tratar com alguém que sempre fala com você com ataques hostis como "POR QUE você não pode ALGUMA VEZ fazer a SUA parte do trabalho por aqui?", "POR QUE você come TANTA comida que NÃO PRESTA?" e "POR QUE você não deixa de se VESTIR como um NERD?"
O que o seu agressor quer é uma interação que seria mais ou menos assim:
X: "POR QUE você come TANTA comida que NÃO PRESTA??"
VOCÊ: "COMO É QUE É? Não como muita comida que não presta!"
X: "Oh, NÃO? Que tal aquela ROSQUINHA que vi você comer há dez minutos?"
VOCÊ: "Escute, não tive tempo para tomar café da manhã! Eu PRECISAVA daquela rosquinha!"
X: "Oh, SIM? E aquela PIZZA que você pediu ontem a tarde..."
E assim por diante…
Isto dá ao seu agressor a possibilidade de passar por uma grande lista de reclamações sobre o modo que você come e demonstrar o quanto ele te irrita. Mesmo se você sai disso pensando que você "ganhou a briga", você perdeu, porque o ataque foi feito e o agressor conseguiu o que ele ou ela queria. Pessoas como o seu atacante são como criancinhas que preferem ser punidas a ignoradas: se o único modo pelo qual eles conseguem a sua total atenção é pela sua atenção negativa, eles se contentam com isso.
Em vez de cair nessa tática, use uma Resposta Barroca Entediante. O agressor chegou em você com "POR QUE você come TANTA comida que NÃO PRESTA?" E eis o que você deve dizer, enquanto olha não para o atacante, mas para o espaço, como se estivesse em pensamentos profundos:
"- Sabe, acho que é por causa de algo que me aconteceu quando eu era apenas uma criança. Vivíamos em Detroit naquela época e... Não, espere um minuto! Pode não ter sido Detroit, deve ter sido quando morávamos em Indianápolis, porque foi o verão que minha tia Grace veio visitar a gente e trouxe o seu cachorro. Você sabe aqueles cachorrinhos engraçadinhos com orelhas grandes e penduradas? Bem, este cão..."
E assim por diante, leve o tempo que for necessário.
Uma resposta como esta passa a seguinte mensagem: "Eu sei que você está aqui para começar uma briga. Faça isto se quiser, mas não vai ser divertido para você , porque não entrarei no seu jogo". Escutar uma RBE é extremamente entediante. O resultado mais comum é que quando você chegar na parte sobre o cão de sua tia, o agressor já vai estar dizendo: "Ah, não importa!", e vai embora, fazendo uma nota mental de que você não é divertido como vítima e não deve ser escolhido para esse papel no futuro.
Quando o ataque vem na forma de uma afirmação em vez de uma pergunta, como "TUDO QUE VOCÊ FAZ é se entupir de comida que NÃO PRESTA!!", somente comece com: "Sabe, ouvindo você dizer isto me lembra de algo que aconteceu quando eu era apenas uma criança...", e assim por diante. Se você precisar de uma versão mais inteligente, diga que isso lembra "um artigo que li outro dia no New York Times. Mas, espere um minuto... Não pode ter sido no New York Times. Deve ter sido no Washington Post, porque esse é aquele que vem Quinta-feira e Eileen sempre compra antes que qualquer um e..." O RBE é também o melhor modo de tratar com perguntas que não dizem respeito aos outros e comentários de estranhos. Como: "Oh, que bebê fofinho! Parece chinês! (Ou espanhol. Ou algo assim. A intenção do ponto estranho é que tanto faz com o que o bebê se parece, ele só não compartilha da sua herança étnica). Onde você ARRANJOU isso?" Lembre-se de uma coisa: você tem de fazer o RBE direito. Se soar sarcástico ou ou protetor ou hostil, vira um contra-ataque e não vai funcionar.
O modo de computador
A linguagem hostil quase sempre tem duas características:
1. muito vocabulário e muitos comentários pessoais;
2. muita ênfase em palavras e partes de palavras.
Responder da mesma forma é como jogar gasolina no fogo. Este tipo de atitude dá ao seu agressor todo o necessário para alimentar a briga e fazê-la piorar. Há um modo muito diferente de falar, que é o Modo de Computador. Para usar o Modo de Computador, você evita a informações pessoais. Você fala em chavões, generalidades e hipóteses e mantém a sua linguagem corporal, inclusive o tom das suas palavras é neutro e controlado. O Modo de Computador neutraliza ataques verbais porque ele não dá ao agressor o que ele ou ela quer e não fornece combustível para que a briga continue. Não há nada mais seguro.
Suponha que alguém o aborde com um ataque como "POR QUE não consigo encontrar NADA nesse lugar? Você ESCONDE AS COISAS só pra encher o saco". Não caia nesta armadilha. Não comece a falar que você não esconde as coisas; não comece a explicar o seu sistema para pôr coisas nos seus lugares; não comece a gritar que o agressor é que coloca tudo no lugar errado ou é tão burro que não é capaz de encontrar nada; não grite "Saia DAQUI, seu imbecil!" Todas essas respostas recompensam o agressor e fazem de você uma vítima que participa do jogo dele. É melhor dizer algo como:
* "pessoas ficam irritadas quando não conseguem encontrar as coisas";
* "é muito irritante não ser capaz de encontrar coisas";
* "coisas fora do lugar (ou livros ou provisões ou seja lá o que for) causam problemas no ambiente de trabalho (em casa ou na clínica ou seja lá onde for)";
* "nada é mais cansativo do que ter de procurar coisas".
Não importa quantas vezes o agressor continue a falar com você usando linguagem hostil, continue respondendo só com outra resposta do Modo de Computador. Se a estratégia hostil sempre funcionou no passado, pode demorar um pouco para o agressor perceber que não vai funcionar dessa vez. Conseqüentemente, o o agressor desistirá e irá embora - e novamente, fará uma nota mental de que você não é divertido como vítima e não deve ser escolhido para esse papel no futuro.
Você ficaria impressionado quantas brigas em potencial podem ser evitadas logo no início com uma resposta dessas. O agressor faz o primeiro movimento hostil e a resposta é solene: "Você não pode saber que caminho o trem fez só olhando os trilhos". Muitas, muitas vezes, a próxima fala do pobre agressor é: "nunca pensei nisso dessa forma". Quase sempre, a briga termina naquele momento, com uma impressionante economia de tempo e energia para todos e muito menos poluição de linguagem.
Avançando
Em cada situação de linguagem hostil há uma grande variedade de respostas à sua disposição, da raiva ao silêncio. Respostas diferentes têm conseqüências diferentes. As conseqüências das respostas conduzidas pela amídala ou das respostas tradicionais de contra-ataque, defesa e debate são raramente satisfatórias. As conseqüências da exposição crônica à retórica hostil literalmente ameaça a sua vida e as vidas de todos envolvidos nisso. Você não tem de seguir esse caminho. Use a autodefesa verbal.
Sobre a autora
Suzette Haden Elgin, Ph.D., é perita em psicolingüística aplicada e fundadora do Centro de Estudos de Língua de Ozak (OCLS). O OCLS oferece uma linha completa de produtos e serviços de autodefesa verbais. É autora da série Gentle Art of Verbal Self-Defense, incluindo: How to disagree without being disagreeable, You can´t say that to me! e mais de uma dúzia de outros livros e programas de áudio.
abraços