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nougat

#549991 Aviso: texto médio. Se tiver sem tempo ou com preguiça pule para o <LEIA A PARTIR DAQUI> no texto.

Diferente do que parece pelo simples fato de estarmos no Brasil, o mundo PUA é um mundo desgastado, antigo e exposto. Ninguém conhece o livro do Strauss "The Game". O livro não está na prateleira de nenhuma livraria. Ninguém fala desse livro. Quer dizer, no Brasil.

O livro "The Game" foi escrito em 2005 (sim, quase sete anos atrás) pelo então colunista do NYT, Neil Strauss. O que muita gente não sabe quando vem ao fórum ou começa a ler o livro, é que ele foi o #1 best-seller do New York Times por um mês inteiro (de Setembro a Outubro de 2005), atingiu #1 nas vendas do site americano Amazon (especializado em venda de livros e DVDs) e o próprio Strauss fez diversas entrevistas em grandes companhias de comunicação norte-americanas como a ABC.

Quebrando em miúdos: absolutamente todo mundo sabe quem é Neil Strauss e The Game (nos EUA). Eu percebi isso lendo um site de fofocas americano muito movimentado (um dos principais portais dos EUA), em um artigo que falava do Neil Strauss e tanto o autor do artigo como as 200 pessoas que comentaram, muitas delas mulheres, simplesmente repugnavam o Strauss.

Na verdade, o que ma chamou muita atenção foram as atitudes das mulheres: primeiro, que a grande maioria já tinha lido o The Game, e segundo que a grande maioria delas odiava a ideia de ter um livro desse tipo. E eu, agora, concordo com elas. O mundo PUA é uma mundo mecânico com técnicas de tentativa-e-erro. Neg, sarge, S-and-R, DHV são termos comuns pra você se você já leu qualquer coisinha no mundo PUA. Agora pensem: algo simples, como andar pela rua e interagir com as pessoas na rua são processos detalhadamente explicados "misteriosamente" pela psicologia.

Digo "misteriosamente" não porque não funciona, mas porque já li tanto o "The Game" como o "Rules of the Game", como "Mystery Method: How to get beautiful women to bed" e outros 300 métodos diferente de sedução, e eu percebi que a maioria deles apela pra psicologia (os livros de PNL abusam disso), o que garante ao leitor que o método seja incostável, como quem diz "as mulheres fazem isso sem pensar, é da natureza delas sobreviver e replicar".

O grande problema disso, apesar de em parte ser verdade e até mesmo interessante, é que o processo todo de conhecer uma garota legal, que você curta, ame e case eventualmente, se transforma em uma porra de equação matemática. O próprio Strauss comenta isso em determinado ponto do "The Game": "chegou um ponto em que as garotas me contavam seus sonhos, e eu apenas encarava como mais uma fase do processo de sedução".

<LEIA A PARTIR DAQUI>

E O PIOR DE TUDO É QUE O MÉTODO FUNCIONA. Mas oras, é claro que funciona. Você leu mais de 1000 páginas pra aprender a como reagir a cada tipo específico de situação. Ela deu um soco; você esquiva. Ela abaixou a guarda; você soca. Você cria confidência porque você já sabe tudo que pode acontecer. Você fica confiante. Você pode até aprender a socar e se esquivar muito bem, mas nunca vai chegar tão longe, porque um cara que não sente, geralmente não ganha.

Você pode entender isso respondendo a seguinte pergunta: você prefere ser uma máquina perfeita, ou um humano que erra? A máquina nunca "erra um soco", mas... e dai? Grande merda. Você acha que o seu pai era um PUA? Você acha que aquele casal feliz que você viu um dia daqueles se conheceu porque o cara era um PUA? É claro que não. Pra falar a verdade, eu prefiro os casais "normais" do que os de "PUA". Os casais de PUA se resumem a contar como foi o processo pra chegar e comer a garota, enquanto o casal normal não sabe nem descrever a química que rola entre os dois. No final do The Game, o Style (a.k.a. Strauss) diz que vai sair do "jogo", porque achou o verdadeiro amor, segundo ele, eterno: a guitarrista da banda The Chelsea. Bem, os dois terminaram um ano depois, e ela começou a sair com o Robbie Williams, e o Strauss voltou a publicar livros e a praticar o jogo. Ele virou um mero jogador, e acima disso, ele ganha rios de dinheiro em cima de pessoas que acham que existe algum milagre para ser amado. A questão aqui é que as pessoas querem ser amadas e criou-se um indústria em cima disso.

Galera, o que se aprende é como manusear ferramentas, como andar de carro, fazer contas de matemática ou usar o computador. São ferramentas mais práticas pra fazer do seu dia-a-dia algo mais prático. Não se ensina a amar as pessoas, nem como ser amado. Nosso mente foi desenvolvida com todos os sentimentos que a gente tem justamente porque talvez seja CERTO ser rejeitado, ficar triste porque a garota dos seus sonhos te disse um não, porque todo o seu plano pra pegar aquela garota deu errado, ou "ser controlado" pela mulher. Talvez seja certo sofrer um pouco. Talvez seja certo parecer um idiota, mas ser feliz mesmo assim, talvez algum dia você ache alguém que goste disso. Caso contrário, elas vão se apaixonar pela sua projeção, não por você. Todo mundo tem seus fetiches e sua lista de 100 garotas que precisa comer antes de morrer, mas não acho que esse mundo seja o caminho certo.

Eu sei que ficou meio longo, mas seria extremamente gratificante ter o feedback de vocês. Me xinguem, falem mal, gritem, mas deixem ai um comentário, porque eu preciso muito ouvir opiniões de outras pessoas, não custa nem 30 segundos do seu tempo e me deixaria MUITO mais tranquilo e satisfeito. :ae
Editado pela última vez por nougat em 23 Fev 2012, 05:00, num total de 1 vezes
kaufman

Veterano - nível 5

#550000 Robôs sociais sempre irão existir. assim como homens bomba e extremistas de toda sorte. Precisamos, antes de tudo, pensar no nosso espaço no mundo e procurarmos relações, sejam la de qual espécie forem, com resultados ganha/ganha.
Dou graças ao pick up por me tirar da condição de lixo humano pra uma pessoa com algum equilíbrio e razoável auto estima. Palmas pra quem nunca precisou de ajuda para firmar a sua identidade no mundo.
Temos ferramentas, assim como artes marciais, etc. A pessoa que treina é quem precisa de sabedoria para utilizá-las.
nougat

#550004 Ok, concordo com você na parte do treino de artes marciais - na verdade é um argumento que o Mystery usa muitas vezes, mas eu não acho que isso seja aplicável à sociedade moderna. Apesar de ainda existirem resquícios de 40 mil anos de existência, eu acho que a sociedade mudou abruptamente nos últimos 200 anos, então parte dos conceitos deixam de ser válidos. Mas por exemplo, depois de ter começado a pensar sobre isso, eu percebi que eu não era um "lixo humano" como você colocou, e na verdade eu era um cara bem legal pra algumas coisas (e ruins pra outras, como todos hahaha). Você só precisa ver isso. Que bom que não cheguei a ir muito longe, porque não acho que seja necessário entrar profundamente nesse mundo para melhorar a sua vida até um ponto de felicidade mínima com a sua pessoa.
Avatar pua
The Matheus - MEMBRO EXCLUSIVO
#550011 Ok, se você acha isso é problema seu, mas conhecer o pick up pra mim foi uma das melhores coisas que tive em minha vida
Acho que você meio que generalizou isso daí, não parou pra pensar nos nerds que não tinham auto-estima, vida social, que eram pisados pelos outros e que a vida deles era uma merda ?
LuanGw

Veterano - nível 9

#550012 Extremismos são o grande problema. Se você começa a abordar pessoas na rua com o seguinte pensamento: Ok, estou adquirindo experiencia, estou chegando à um novo nível, agora tenho o que postar em determinado lugar. ISSO É LIXO! Eu agradeço muito por ter entrado no PU, sou muito grato por tudo que aprendi aqui e sei que vou aprender muito mais. o que acontece é que de maneira nenhuma eu pretendo me tornar viciado em resultados, em Kc's, Fc's, trepar com a cidade toda ou coisas do tipo. O indirect game tem essa caracteristica de te transformar em um robô, alguém que prevê as coisas, por isso ganha. Coisa que acho muito desagradável, sou adepto do natural, que prega que você tem que ter confiança e isso é tudo. Você não se prepara, você não prevê, você chega, demonstra seu interesse e AGE! Se a garota vai te regeitar, se não vai acontecer, se... Isso é outra história, sou adepto da confiança e essa confiança eu adquiri com o sábio uso da arte PU. Então continuo a favor que isso se prolongue por muitos anos, afinal de contas ninguém nasceu pra sofrer (o que não quer dizer que você seja feliz durante toda sua vida) e se há algo que possa te fazer melhor, possa te tornar um SER HUMANO, não uma máquina, um ser humano melhor, porque não?
Acho muito digno esse dialogo, serve para diversos esclarecimentos, boa iniciativa.
Abraço do Hawk. :ae