- 07 Jun 2012, 03:09
#629157
Olá Puazada tudo bem? é claro estamos
segue um texto que meu amigo natural me mandou para estar passando para vocês, muito bom o texto....
"Tudo bom com você?
Agora o pulo do gato: se você for um cara que entende a arte de manejar manifestações de identidade, nunca vai faltar mulher na sua cama.
Quem sou eu?
Com o tempo, as pessoas ao meu redor vão entendendo - lenta ou rapidamente - que tipo de pessoa eu sou. A grande verdade é que toda a questão de sexualidade somente é importante para o homem contemporâneo pós-moderno por conta da inenarrável conexão entre questões sexuais e questões identitárias. Em outras palavras, o povo só pensa tanto com sexo porque eles não sabem quem são. Só que, por mais que eu tente falar sobre sexo-e-nada-mais, um assunto puxa o outro como se fosse a linha de um papagaio (pipa) toda enrolada logo depois de algum outro moleque mais habilidoso cortar sua linha e derrubar seu papagaio.
Coisa de louco, a vida.
No mais, eu realmente fico em dúvida quando tenho que explicar quem eu sou. Não que eu não saiba a resposta, mas o que me incomoda é que uma resposta muito direta tende a incomodar as pessoas, por isso vez por outra experimento usar mentirinhas brancas, pra tentar escandalizar menos a nossa hipócrita sociedade burgueso-capitalista: "sou traficante de drogas". Prefiro fingir-me de traficante de drogas a stripper de boate gay, porque o stripper ainda faz parte de um mundo estranho e mágico, escondido em boates cheias de purpurina e AIDS. Prefiro o traficante de drogas porque ele evita que uma conversa inútil prolongue-se. Prefiro cortar o mal pela raiz.
Mal que eu digo é essa ideia simplista de querer colocar a mim dentro de alguns parágrafos. Inacreditável que ainda existam empresas que fazem provas de admissão de funcionários contendo questões tais como "descreva seus pontos fortes e fracos em uma frase". Como se a vida de uma pessoa - qualquer pessoa - coubesse dentro dos símbolos mortos que são as palavras. Não cabe. Mais importante ainda que toda essa frescura é entender que diabo de pergunta é essa.
Alguém quer saber quem você é, mas especificamente, o que eles querem é uma manifestação de identidade.
O que eu faço da vida?
Um jeito extremamente simples de descobrir quem é uma pessoa é perguntar qual é o trabalho dela, como se uma profissão pudesse definir uma pessoa. Não pode. Imagine eu dizer que sou o autor de alguns livros. Mas imagine assim com requintes de crueldade. Ao invés de me imaginar todo glorioso e gostosão como eu sou na vida real, o babaca que me perguntou meu emprego vai começar a me imaginar como se eu fosse um corcunda pobre e magrelo, mendigando dinheiro e tentando vender livros chatos que ninguém lê. Nada poderia estar mais longe da minha realidade, mas essa é uma noção que a palavra-profissão "escritor" transmite. Provavelmente deve ser um sonhador sem dinheiro, um ser humano de terceira classe.
A resposta que tenho vontade de dizer é muito menos preocupada com essa coisa de profissão e ganhar dinheiro (porque o cara também quer saber quanto você ganha).
Sinto até um aperto no peito de vontade de dizer todas as palavras de uma vez só, em vez de usar esta convenção pouquíssimo elaborada da linguagem sequencial. Já repararam na impraticidade de tentar explicar as coisas como elas são realmente? É tarefa impossível. E o que eu faço minha vida eu guardo no lugar menos seguro que se possa imaginar: um cofre bancário inundado de dinheiro, diamantes, ouro e tudo o mais, destrancado no meio da estação da Praça da Sé do metrô de São Paulo. Não preciso de segurança, porque ninguém no mundo consegue enxergar o meu tesouro.
Tô viajando muito louco aqui, né?
Como eu ganho dinheiro?
No fim das contas, fica mais fácil responder a pergunta implícita em vez de tentar circundar a pergunta explícita. Por um lado, o cara te pergunta quem é você. Pode ser que ele simplesmente queira saber qual é o seu ganha-pão. Reparem como as pessoas têm a tendência de se digi-transformarem em seus trabalhos, especialmente quando elas ficam no mesmo lugar por muito tempo. Até hoje lembro-me da Bruxa do 71, que trabalhava de funcionária pública perto da minha escola. Ela tinha - infelizmente - se metamorfoseado em uma múmia semi-humana (que sempre exagerava na maquiagem). Eu corro de trabalho público igual o diabo foge da cruz, com a diferença de que eu realmente quero escapar.
Por outro lado, tem o lance de saber qual é a atividade em que você tem as manha: o que você faz da vida. Mas essa ideia ainda desemboca na manifestação de identidade".
Valeu Puazada esse foi o texto que meu amigo natural, me passou para estar passando para vocês, feeds por favor é sempre bem vindo valeu
segue um texto que meu amigo natural me mandou para estar passando para vocês, muito bom o texto....
"Tudo bom com você?
Agora o pulo do gato: se você for um cara que entende a arte de manejar manifestações de identidade, nunca vai faltar mulher na sua cama.
Quem sou eu?
Com o tempo, as pessoas ao meu redor vão entendendo - lenta ou rapidamente - que tipo de pessoa eu sou. A grande verdade é que toda a questão de sexualidade somente é importante para o homem contemporâneo pós-moderno por conta da inenarrável conexão entre questões sexuais e questões identitárias. Em outras palavras, o povo só pensa tanto com sexo porque eles não sabem quem são. Só que, por mais que eu tente falar sobre sexo-e-nada-mais, um assunto puxa o outro como se fosse a linha de um papagaio (pipa) toda enrolada logo depois de algum outro moleque mais habilidoso cortar sua linha e derrubar seu papagaio.
Coisa de louco, a vida.
No mais, eu realmente fico em dúvida quando tenho que explicar quem eu sou. Não que eu não saiba a resposta, mas o que me incomoda é que uma resposta muito direta tende a incomodar as pessoas, por isso vez por outra experimento usar mentirinhas brancas, pra tentar escandalizar menos a nossa hipócrita sociedade burgueso-capitalista: "sou traficante de drogas". Prefiro fingir-me de traficante de drogas a stripper de boate gay, porque o stripper ainda faz parte de um mundo estranho e mágico, escondido em boates cheias de purpurina e AIDS. Prefiro o traficante de drogas porque ele evita que uma conversa inútil prolongue-se. Prefiro cortar o mal pela raiz.
Mal que eu digo é essa ideia simplista de querer colocar a mim dentro de alguns parágrafos. Inacreditável que ainda existam empresas que fazem provas de admissão de funcionários contendo questões tais como "descreva seus pontos fortes e fracos em uma frase". Como se a vida de uma pessoa - qualquer pessoa - coubesse dentro dos símbolos mortos que são as palavras. Não cabe. Mais importante ainda que toda essa frescura é entender que diabo de pergunta é essa.
Alguém quer saber quem você é, mas especificamente, o que eles querem é uma manifestação de identidade.
O que eu faço da vida?
Um jeito extremamente simples de descobrir quem é uma pessoa é perguntar qual é o trabalho dela, como se uma profissão pudesse definir uma pessoa. Não pode. Imagine eu dizer que sou o autor de alguns livros. Mas imagine assim com requintes de crueldade. Ao invés de me imaginar todo glorioso e gostosão como eu sou na vida real, o babaca que me perguntou meu emprego vai começar a me imaginar como se eu fosse um corcunda pobre e magrelo, mendigando dinheiro e tentando vender livros chatos que ninguém lê. Nada poderia estar mais longe da minha realidade, mas essa é uma noção que a palavra-profissão "escritor" transmite. Provavelmente deve ser um sonhador sem dinheiro, um ser humano de terceira classe.
A resposta que tenho vontade de dizer é muito menos preocupada com essa coisa de profissão e ganhar dinheiro (porque o cara também quer saber quanto você ganha).
Sinto até um aperto no peito de vontade de dizer todas as palavras de uma vez só, em vez de usar esta convenção pouquíssimo elaborada da linguagem sequencial. Já repararam na impraticidade de tentar explicar as coisas como elas são realmente? É tarefa impossível. E o que eu faço minha vida eu guardo no lugar menos seguro que se possa imaginar: um cofre bancário inundado de dinheiro, diamantes, ouro e tudo o mais, destrancado no meio da estação da Praça da Sé do metrô de São Paulo. Não preciso de segurança, porque ninguém no mundo consegue enxergar o meu tesouro.
Tô viajando muito louco aqui, né?
Como eu ganho dinheiro?
No fim das contas, fica mais fácil responder a pergunta implícita em vez de tentar circundar a pergunta explícita. Por um lado, o cara te pergunta quem é você. Pode ser que ele simplesmente queira saber qual é o seu ganha-pão. Reparem como as pessoas têm a tendência de se digi-transformarem em seus trabalhos, especialmente quando elas ficam no mesmo lugar por muito tempo. Até hoje lembro-me da Bruxa do 71, que trabalhava de funcionária pública perto da minha escola. Ela tinha - infelizmente - se metamorfoseado em uma múmia semi-humana (que sempre exagerava na maquiagem). Eu corro de trabalho público igual o diabo foge da cruz, com a diferença de que eu realmente quero escapar.
Por outro lado, tem o lance de saber qual é a atividade em que você tem as manha: o que você faz da vida. Mas essa ideia ainda desemboca na manifestação de identidade".
Valeu Puazada esse foi o texto que meu amigo natural, me passou para estar passando para vocês, feeds por favor é sempre bem vindo valeu