- 02 Jan 2013, 23:19
#758230
Sobre a auto-estima...de uma lida.
Autoestima – Autoreferência
O relacionamento de vários anos acabou, a promoção no emprego não saiu, o duro regime para emagrecer não deu certo. A maneira como encaramos esses momentos da vida, sem dúvida, depende do quanto nós nos amamos. Se avalio tudo de forma pessimista, vou concluir: sou um lixo, não sirvo para nada, as coisas nunca dão certo na minha vida.
O que nos permite fazer essas afirmações nasce de um complexo sentimento do qual ouvimos falar a toda hora, mesmo sem saber muito bem como defini-lo: a autoestima, um julgamento que fazemos de nós mesmos, a maneira como nos imaginamos ser e agir e como avaliamos as nossas capacidades. Ou seja: é a forma como reconhecemos nosso próprio valor.
É o nível de autoestima que diferencia o peso que cada um dá aos episódios desagradáveis do dia-a-dia. Após um término de relacionamento afetivo, se você tem boa autoestima, no mínimo, você vai dizer: “quem está perdendo é ela, a outra pessoa”. Claro que você vai sofrer e passar por sentimentos de perda, mas sem ter pavor, sem desestruturar, sem sofrer além da dose adequada para o caso e, principalmente, sem pensamentos de vingança.
Quando você tem autoconfiança não é preciso vingar. A arma do fraco é a vingança. Se você está em uma estrada com um Mercedes Benz e alguém lhe ultrapassa, não é necessário acelerar e mostrar que o carro é mais forte. Se você tem necessidade de vingar, de ultrapassar, com certeza, você não tem confiança no taco.
Quantas vezes passamos uma vida inteira dizendo: “Eu não gosto de carnaval, isso é coisa de pessoas loucas, é preciso beber muito para encarar”. E, depois, você percebe que, na verdade, você não é capaz de pular carnaval, sente-se inseguro, desajeitado, tímido, sem confiança em você e, portanto com baixa autoestima. Precisamos saber separar: eu não gosto ou eu não dou conta de fazer? É muito diferente.
Se a pessoa que você ama o abandonou, tudo bem ficar de “luto” por algum tempo. Mas, agir da mesma forma porque um passageiro namoro de férias não vingou é um sintoma de dificuldade de lidar com sua autoestima.
Para manter uma boa autoestima, é preciso maturidade. Sem ela não se atinge a estabilidade emocional necessária para lidar com os sentimentos e para enfrentar situações que podem abalar o auto-reconhecimento. As pessoas emocionalmente maduras, quase sempre, têm uma dose de narcisismo.
Por isso, nos consideramos aptos a realizar projetos e a vencer na vida, além de nos sentirmos queridos e atraentes para seduzir e interessantes para manter laços amorosos e de amizade.
Portanto, não tenha vergonha de chegar diante do espelho e dizer: “Eu sou o máximo” ou “Eu me amo, eu não consigo viver sem mim”. É diferente de se achar o melhor de todos, aquele que, de tão perfeito, não se mistura aos simples mortais. Excesso de autoestima é chatura e babaquice. São pessoas prepotentes, que falam alto demais “ensimesmados”, donos da verdade, egoístas. Isso atropela as relações sociais.
O primeiro passo para elevar a autoestima é tentar descobrir os motivos da tristeza. O que disparou o gatilho. Qual o momento em que iniciou a crise de baixa autoestima. Geralmente, atrás de tudo se esconde um sentimento de perda ou uma expectativa frustrada como um casamento que acabou ou o esperado aumento de salário que fracassou.
A partir daí, surge o “complexo de inferioridade”: eu não consigo, eu não dou conta, essa mulher não é para mim.
Importante: aceitar mais e cobrar menos Imagine você querendo aprender a dançar e comprar um livro que lhe explica: são dois pra lá, dois pra cá. Imagine você querendo descrever o gosto da laranja. Imagine um professor lhe ensinando a nadar apenas lhe dizendo fora d’água: “é só você movimentar os braços e as pernas e respirar de lado”. Você nunca vai aprender.
Só se aprende a dançar dançando. Experiência não se transmite. É necessário, às vezes, cair para levantar. Quantas vezes damos um passo para trás na vida para, em seguida, darmos um salto para frente.
O que caracteriza o forte, o vencedor é não ter medo de tentar, não ter medo do ridículo. É melhor errar duas vezes e acertar oito do que não errar nenhuma, mas também não acertar nenhuma.
Amadurecer e aprender que somos humanos, cheios de qualidade e defeitos, sujeitos a erros e acertos é que nos faz seres humanos e pessoas estáveis e felizes.
As coisas nem sempre acontecem como esperamos, nunca seremos exatamente como gostaríamos e tampouco somos deuses para controlar o desfecho dos acontecimentos.
Dr. Eduardo Pinho Tavares